Dr. Namiruku Aassomi
Na semana finda o país assistiu à queda de dois super reitores, por sinal das duas universidades públicas representativas das políticas expansionas do Ensino Superior no país, referentes a era do presidente Armando Emílio Guebuza, refiro-me da UniLúrio (UL) e da Unizambeze (UZ). O anúncio da queda destes reitores foi seguida de comemorações eufóricas e efusivas entre os funcionários, foi interessante ver as garrafas de champanhe ecoando aquele boom característico e festas por todas as faculdades e departamentos, e os engenheiros da UniZambeze projectando assar aquele cabrito, bem mesmo alí no principal portão de entrada para o gabinete do reitor, onde depois enviaram convites pelo whatsapp para quem quisesse. Do lado da UniLúrio foi notório a satisfação total e completa no semblante daqueles tecnocratas e académicos que de forma sábia souberam resistir à luz do hino da pátria amada, “nenhum tirano nos irá escravizar”. A festa continuou em Nampula e no Chiveve, afinal trabalhamos online e sincronizados!
Engana-se quem pensa que era um punhado de descontentes dos regimes Noa e Nobre (2No). Era sim toda comunidade académica que farta da tirania, soube usar de sua inteligência para se fazer ouvir pelo mais alto magistrado da nação – Filipe Jacinto Nyusi à quem faço chegar da UniLúrio o nosso “Noshukuro”, e da UniZambeze o “Takuta e Tinobonga” do fundo do coração destas comunidades académicas que têm suas esperanças ressuscitadas.
Qual terá sido o erro dos super reitores?
Para explicar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas. Para explicar como as pessoas se comportam, estuda-se a motivação humana. Os autores behavioristas verificaram que os gestores precisam conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações. Esta teoria foi completamente ignorada pelos reitores cessantes, numa escala de 0 a 10, onde zero representa “ignora completamente” e 10 “domina perfeitametamente”, pode-se atribuir sem exitação (0 para aos dois), a avaliar pelo inquérito de percepção feito em off em finais do ano passado, em matéria de relações humanas ou gestão do comportamento humano em organização.
Urge aquilatar neste artigo o que precipitou a queda do reitor da UniLúrio não é o vídeo que circulou, no qual o senhor reitor reprovava o reinício das aulas no contexto do covid19, é um erro crasso incorrido pela imprensa e analistas que veicularam mensagens concluido que o ex reitor da UniLúrio foi vítima da sua análise, talvez a falácia post-hoc tenha ocorrido aqui. A queda do reitor da UniLúrio foi resultado da gestão desastrosa que ele impôs na Universidade nos últimos 5 anos, podemos comprovar isto com factos disponíveis, e os que já são do domínio das autoridades de Justiça, nomeadamente a Procuradoria da República e a Unidade Anti-Corrupção, que por razões óbvias não mencionaremos neste canal, uma vez estarem a ter tratamento devido.
Os senhores reitores implantaram ditaduras em academias, um autêntico estado de sítio, e fizeram-se rodear por bajuladores e incompetentes. Confundiram um estilo de gestão necessário para uma universidade do século XXI e um estilo de gestão caseiro típico de sociedades machistas, coisificando a pessoa humana, reprimindo liberdades e semeando intrigas para reinar, é isto que certa imprensa ignora e prefere promover a vitimização daqueles. Pensaram que poderiam motivar pessoas dividindo benefícios entre seus sequases e fazendo do poder um instrumento para humilhar pessoas e semear intrigas.
O maior erro, se calhar, foi pensar que estavam no controle da máquina, puro engano. Os recursos delapidados não podem resgatar a honra de um homem, e creio que esta deveria ser uma lição para qualquer dirigente, seja ele de coisa pública ou privada. Como dizem as Escrituras Sagradas “vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro” Pv 22:1. Os senhores reitores não souberam usar o poder com racionalidade, embriagaram-se com a porção que lhes tinha sido confiada. Agora os funcionários respiram de um grande alívio, como circulou nas redes sociais, alguns dizendo que lhes foi tirado um pesado fardo das costas, outras ainda que têm a sensação de alívio pós-parto.
Não estamos contra os senhores reitores, mas nunca aceitaremos trabalhar para tiranos, quando juramos servir o Estado com fidelidade, honra e compromisso, estava claro que a nossa prestação seria para o povo moçambicano e não para manipuladores maquiavélicos.
Portanto podemos resumir os erros em:
i.Falta de habilidades interpessoais: são três tipos de habilidades imprescindíveis para um gestor e esta é fundamental, as outras são: conceptuais e técnicas. Os reitores das duas universidades abusando de suas funções desrespeitaram a dignidade da pessoa humana e seus quadros chantageando-lhes com cargos de chefia, os nobres preferiram abdicar deles no lugar de transformarem-se em lambe-botas e consequentemente coisificados. Para estes combatentes vai o meu maior respeito, lembrando-lhes o que a bíblia diz:
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ANÁLISE
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“melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o paciente de espírito do que o altivo de espírito” Ec. 7:8.
ii. Equívoco nas principais funções de gestão: o planeamento é sem dúvida, a primeira e uma das pedras basilares da gestão, porque é a partir desta função que se estabelecem metas, e desenvolvem-se planos para integrar as actividaes, bem como a avaliação de recursos determinantes para o alcance de tais metas. Com tudo que temos vindo a nos debruçar e pelos dados a que temos acesso chegamos a conclusão que os reitores não tinham planos concretos para o desenvolvimento de suas instituições, talvez tinham planos alheios aos interesses de suas universidades, uma outra função que poderíamos destacar é o aprendizado, pois, “learning”, após um ciclo de gestão que passa pelas quatro principais funções (planeamento, organização, liderança e controlo/monitoria) segue uma quinta, designadamente o aprendizado, nesta tiram-se as principais lições de cada ciclo, e são incorporadas no ciclo seguinte, portanto os senhores reitores tiveram 5 anos, que traduzidos seriam 5 ciclos de aprendizado, ou chances, para perceberem do descarrilamento. Transformaram os conselhos universitários (CUN) em órgão de vassalagem e desabafo, no lugar de centros de debates construtivos para o futuro das nossas universidades. Lembro-me de alguns quadros humilhados na UniZambeze e alguns PhDs na UniLúrio, em pleno CUN onde se vilipendiava os seus níveis banalizava-se seus diplomas, creio pelo complexo de inferioridade dos reitores que viam nesses heróis potenciais sucessores, por isso vai também a minha felicitação para esses camaradas.
iii. Desequilíbrio Emocional e Falta de Sabedoria: Os senhores reitores espalharam-se muito, não souberam gerir o cargo, não digo gerir carreira porque não construíram carreira, esqueceram-se de que a variável mais complexa numa organização é o comportamento humano. Perceber porque os indivíduos se comportam de um modo X e que consequências esse comportamento tem para organização é a chave da gestão contemporânea, mas melhor ainda é quais os instrumentos organizacionais disponíveis ao gestor para de forma suave (soft power) influenciar tal comportamento seja benéfico para organização, ou pelo menos não seja desastroso para a organização. É por isso que a gestão é ciência e arte, arte porque requer habilidade e ciência porque há uma relação de causalidade entre variáveis relevantes na análise do desempenho organizacional que devem ser do domínio do gestor, sem se esquecer das variáveis contingenciais, uma vez que em comportamento organizacional nada é absoluto. Eles ignoraram estes princípios, e como consequência terão que carregar a vergonha de terem fracassado para o resto de suas vidas. Mais uma prova de que as pessoas passam mas as instituições ficam. A única lembrança que fica são as atrocidades, infelizmente.
Diante deste cenário todo há quadros que até tinham vontande de assessorar os reitores, mas como alguém disse: “esta casta de reitores acha-se intocável e somente o tempo os pode ensinar”. Hoje saem sem honra, nem glória. Enquanto na UniLúrio o reitor fazia a reengenharia no processo eleitoral para de forma milagrosa repetir o mandato ou pelo menos a sua grande amiga o substituisse, na UniZambeze o reitor envolvia-se numa estratégia de procurement interprovincial de curandeiros/as para de forma mágica renovar o mandato, provincial porque chegaram-nos informações de Manica e Tete, para onde o reitor se deslocou na calada da noite, sem esquecer dos rituais satânicos feitos no recinto universitário.
Portanto, concluir que o reitor na UniLúrio não renovou o mandato porque criticou a gestão do processo de aferição das condições para o retorno às aulas é no mínimo uma intripidez e ingenuidade, investiguem senhores jornalistas. Nós sabíamos que a intenção do senhor reitor era de levar a opinião pública para esse extremo, mas queremos esclarecer que foi uma batalha longa e justa para quem sonhou um futuro risonho para seus filhos, netos e gerações vindouras servidas por um ensino de qualidade proporcional ao sacrifício dos pacatos contribuintes. É necessário compreender a legitimidade da nossa reivindicação, tanto a UL assim como a UZ são públicas, funcionam com os impostos dos moçambicanos. Seria uma fraude aceitarmos sob olhar impávido os estrados sistemáticos, seja lá de quem quer que fosse, porque em estado de direito, ninguém está acima da lei, e não há quem seja mais cidadão do que outrem, portanto vamos levar a nossa batalha para que os desmandos destes senhores não pare apenas na sua exoneração, mas que sejam responsabilizados por todos os danos patrimoniais e financeiros em devidas instâncias, razão pela qual tratamos de coleccionar sistemática e minuciosamente todas as provas materiais.
Temos conhecimento, com relação a UniLúrio, que a ex assessora financeira, a quem consideramos ser a caixa negra do regime pretende exilar-se na Universidade de Lisboa por 5 anos para fazer o nível de mestrado e doutoramento sem interrupção, com os fundos do BAD, entretanto esta cidadã não consta de nenhum plano de formação, e o expediente começa a ser tratado justamente após a exoneração do reitor. Igualmente temos conhecimento da atribuição dos contratos e mudança de carreira sem observância dos procedimentos legais (como é o caso da secretaria do reitor, director de planificação, director dos recursos humanos, assessora financeira, director do gabinete de auditoria, director do gabinete jurídico, e tantos outros, sem no entanto terem exercido a docência), pede-se a anulação destes actos administrativos.
Levaremos este assunto até às instâncias competentes, porque a cidadã e outros comparsas deverão ser responsabilizados por todos os actos ilegais cometidos nos 5 anos em que esteve ao serviço do reitor cessante, do reitor porque sua prestação não foi do interesse público. Iremos lutar incansavelmente para que cada unidade monetária drenada, do projecto BAD ou do Orçamento de Estado, seja esclarecida. Alertamos desde já o director dos recursos humanos para se abster de orientações ilegais para destruição de provas porque não ficará impune. Existem medidas cautelares que deverão ser tomadas pelas autoridades judiciais para que o Estado não seja mais lesado, e exerceremos esse dever de cidadania.
Há um plano B de se efectuar a transferência da assessora para outra universidade pública pelo que perseguiremos este processo até as últimas consequências. A senhora assessora deve aprender a conviver connosco nos próximos 5 anos.
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Agradecimentos especiais
Queremos agradecer ao Presidente da República, S.Excia. Filipe Jacinto Nyusi pela sensibilidade de mais de 1200 quadros da UniLúrio e da UniZambeze, respiramos de alívio após 5 anos de humilhação, desrespeito, tortura psicológica, e outras formas degradantes a que fomos submetidos. Agradecemos pela forma sábia como conduziu o processo de recolha de elementos para fundamentar sua decisão. Senhor Presidente, continue a contar conosco para o desenvolvimento deste País, mais uma vez “nunca aceitaremos tiranos em nossas instituições”, assante sana baba Nuysi, conte conosco, pelo menos na frente académica, não sabemos pegar em armas de fogo, mas temos uma arma poderosíssima que está disponível para desbloquear o país rumo ao desenvolvimento, o conhecimento e a inteligência.
Aos órgão de Justiça, à PGR e a Unidade Anti-Corrupção, queremos encorajar a continuação do trabalho de purificação, mantendo o nosso compromisso de colaborar até que à última lesão seja sarada, responsabilizando os cabecilhas pela delapidação de recursos públicos.
Ao Wamphula Fax vão os nossos sinceros e especiais agradecimentos, sobretudo pelo compromisso com a verdade. Cumprem inequivocamente o vosso papel na promoção da democracia. Nós sabemos que sofreram pressão, mas o vosso compromisso é com convicção.
Aos heróis anónimos, funcionários a todos os níveis da UL e UZ, queremos parabenizar pelo novo cíclo, aprendamos com os nossos erros do passado para melhor responder ao desafios do presente e prepararmo-nos melhor para encarar o futuro. Empenhemo-nos com coragem desenvolvendo as nossas universidades, vamos assessorar as novas equipas, e acima de tudo, não nos vinguemos pelos sequases dos regimes que acabam de quedar-se, uma lição fica para os novos gestores, “a serpente é o único anímal hábil a trepar os ramos mais altos com astúcia, mas sua única maneira de descer é atirar-se ao chão”. Valorizem os recursos existentes, e nunca se esqueçam que o mais importante são pessoas, as pessoas fazem a diferença.
Não pretendemos ocupar posições de chefia, afinal a minha carreira assim como a dos outros é docência e pesquisa, fui preparado para produzir conhecimento e transmití-los às gerações mais jovens. Aliei-me à esta causa por ser do interesse nacional, e para garantir uma boa educação aos nossos filhos e netos. Sentimo-nos honrados e valorizados pela indicação de novas lideranças, é o renascer de um sonho abalado, mas não destruido, as regiões norte e centro também são moçambique e têm um contributo a dar à nação.
Boas vindas aos novos reitores
Ao Magnifico Reitor da UniZambeze, Professor Bettencourt Capece, sua maior tentação são os conflitos tribais da região que se estendem às instituições públicas e outras organizações. Não perca o foco, somos todos moçambicanos, tenha sempre em mente a missão da UZ, também será assediado pelos lacaios da antiga administração que farão de tudo para manter o status quo, tenha a liberdade de organizar a casa. Não nos envergonhe a nós académicos trazendo feiticeiros para universidade na calada da noite.
À Senhora Reitora Leda Hugo, endereçamos votos de boas vindas e um cíclo focado nos objectivos do sector. Encontra uma equipa motivada em dar total e incondicional apoio para tirar a Universidade da sarjeta para onde foi atirada, apoiamos o Presidente que a confiou tal tarefa, por sinal espinhosa, e deveras desafiadora. Senhora reitora, tome a liberdade de refazer a casa, um perigo eminente são os lambe-botas, os sem cérebros, não se distraia com esta estirpe, poderão tentar desvirtuar sua liderança, seja transparente, cremos que o PR já lhe passou o dossier UniLúrio, sim, é um total quebra-cabeças, mas há jovens motivados lá dentro, eles irão apoiá-la, e juntos venceremos, nós somos UNILÚRIO.
Senhora reitora, não se esqueça das comunidades, essas foram sempre nossas parceiras, Marrere, Muatala, Mutauanha e Natiquire em Nampula; Sanga no Niassa e Chuiba em Pemba, são nossas aliadas na nossa missão de servir o povo, tenha a honra de incluí-las nos orgão democráticos da gestão universitária, aliás, é necessário democratizar esses órgão fazendo isso estará a criar alicerces firmes para o desenvolvimento da Universidade. Tire a UniLúrio do isolamento macroambiental, dialogue com outras instituições afim de criar sinergias, tome a sério os memorandos existentes.
Outra tarefa espinhosa e necessária, mas não impossível, é de atrair antigos quadros, traga-os de volta senhora vice-reitora, esses quadros são património da nossa UniLúrio, a maior parte deles está nas universidades públicas, UniRovuma e UniLicungo, mas também temos quadros em outras organizações não governamentais, nacionais e internacionais, temos quadros em organismos internacionais a fazerem pesquisa de qualidade, mas que juraram voltar na condição de haver mudanças sérias na direcção da universidade, nós podemos ajudar a localizá-los.
Não caia nos laços do enriquecimento ilicito, aliás, queremos aconselhar a si senhora reitora, que peça uma auditoria financeira independente dos últimos três anos, e dos projectos, especialmente o BAD. Temos os detalhes para colaborar com tal auditoria, peça também uma auditoria de recursos humanos, se quiser apoio peça à Inspecção Geral das Finanças e aos Serviços de Informação do Estado, darão todo apoio necessário. A UniLúrio é uma universidade pública, não há motivos para uma gestão secreta e misteriosa, limpe a DAF e a RH.
Bem haja senhora reitora, a UniLúrio está consigo. Boas vindas. Koshukhuro!