Procura-se proteger a sustentabilidade do património da Ilha de Moçambique

Procura-se proteger a sustentabilidade do património da Ilha de Moçambique

Um grupo de académicos de diversas universidades e membros da comunidade da Ilha de Moçambique estão a desenhar estratégias com vista a salvaguardar a sustentabilidade do património daquela cidade, considerada património mundial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO), em 1991.

As acções para o efeito estão a ser levadas acabo no âmbito de um programa denominado “Oficinas Muhipiti” que tem em vista redescobrir o edificado da Ilha de Moçambique, o que significa reconhecer o valor da cultura e do património local no sentido de assegurar a sua sustentabilidade.

A iniciativa é da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Lúrio em coordenação com a Cátedra Unesco Diálogo Intercultural em patrimónios de influência portuguesa da Universidade de Coimbra. Ela encarrega-se de fazer a leitura das características arquitetónicas e construtivas, para além do estado de degradação dos edifícios e o perigo que isso pode representar.

Dentre o património arquitetónico da Ilha de Moçambique, que começou a ser erguido em 1507, há que destacar a Torre de São Gabriel, onde hoje se situa o Palácio dos Capitães-Generais, a Capela de Nossa Senhora do Baluarte e a Fortaleza de São Sebastião, a maior da África Austral, totalmente construída com pedras do balastro dos navios, algumas das quais ainda se veem na praia mais próxima, entre outros monumentos. 

O docente de Arquitectura da Universidade Lúrio, Isequiel Alcolete, disse que a ideia de salvaguardar o património que a Ilha de Moçambique ostenta é uma responsabilidade de todas as forças vivas da sociedade, porque trata-se de riquezas culturais da província e do país, que podem beneficiar as futuras gerações.

Aquele académico defende que “na verdade, é importante que a sociedade saiba que há um bem na Ilha de Moçambique, e a cultura que caracteriza o dia-a-dia da sua população resulta da influência de culturas de vários povos.

O académico Alcolete entende que o estudo desses factores deve oferecer resultados que podem contribuir para responder às questões de mudanças climáticas.

As “Oficinas Muhipiti” estão na segunda edição. A primeira foi realizada no ano passado, com o objectivo de fazer uma avaliação generalizada da Ilha de Moçambique e, actualmente, foram definidos assuntos específicos que visam avaliar a qualidade do edificado, o que vai permitir melhorar ou resgatar algumas particularidades.