O Secretariado Provincial do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) e o MISA Mocambique, em Nampula, emitiram esta quarta-feira, notas de repúdio ao acto de humilhação de alguns profissionais da comunicação social, protagonizado pelo edil da cidade capital provincial, Paulo Vahanle, na segunda-feira, durante a cerimónia pública de apresentação de duas viaturas ambulâncias.
No seu comunicado de repúdio, cuja cópia está na posse do nosso jornal, o SNJ entende que a atitude do edil, atenta contra a dignidade humana, a liberdade de imprensa, e belisca os direitos dos jornalistas, de entre eles o de informar, consagrados na lei, tendo em conta o interesse do público de ser informado, respeitando a linha editorial de cada órgão de informação, seja público ou privado, em actividade na República de Moçambique.
O documento explica que, Vahanle exigiu a retirada da equipa da Televisão de Moçambique (TVM), da cerimónia, sob alegação de que aquele órgão de comunicação social não tinha publicado as imagens do edil, aquando da cerimónia do Eid-Ul-Fitre deste ano.
Consta que, ele atiçou os ao proferir as palavras segundo as quais, “Eu hei-de falar se a TVM sair” tendo de seguida retirado do local, segundo se pode ler no documento.
Para além da expulsão da equipa da TVM, outros jornalistas viram o seu equipamento de trabalho confiscado, pelo chefe do gabinete de comunicação do edil, Nelson Carvalho, alegadamente por terem feito filmagens sem autorização dele.
“Na República de Moçambique, a lei protege os cidadãos e os jornalistas, contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física ou moral, bem como impõe a todos os cidadãos o dever de guardar respeito para com a classe jornalística”, refere o comunicado.
Por conta disso, o SNJ em Nampula, condena a atitude e manifesta a mais profunda preocupação por este acto e exige do Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula e dos seus colaboradores, bem como de outras entidades, um tratamento adequado à dignidade e nobreza da profissão jornalística.
Já no seu comunicado, Núcleo Provincial do MISA em Nampula refere que contactado telefonicamente, o Diretor de Comunicação e Imagem do Conselho autárquico de Nampula, Nelson Carvalho, confirmou o episódio, justificando-o com o facto de, sucessivamente, a TVM cobrir eventos da autarquia e não publicar as reportagens desses eventos.
“Em eventos públicos, que também contam com a participação de governantes da Frelimo, a TVM dá tratamento diferenciado aos intervenientes. Nunca exibem os discursos e imagens de Paulo Vahanle,” Afirmou Nelson Carvalho. Relativamente ao caso Wamphula Fax, Nelson Carvalho nega ter confiscado o instrumento de trabalho [telemóvel] do jornalista. Mas confirma ter “segurado o braço do repórter”, alterando a posição do respectivo telemóvel, a fim de impedir que o jornalista gravasse aspectos preparatórios da entrevista. |
O MISA Moçambique repudia esta e qualquer outra forma de intimidação e de pressão contra jornalistas. A atitude do Presidente do Conselho Autárquico de Nampula e do respectivo Director, entende o MISA, representam uma clara interferência na independência editorial dos media no geral e, particularmente, da TVM e do Wamphula Fax. O MISA apela ao Conselho Autárquico de Nampula a parar imediatamente com as ameaças à jornalistas. Faz lembrar que, estando insatisfeito com alguma prática contrária à lei e aos instrumentos normativos do jornalismo, a instituição pode recorrer a instâncias legalmente previstas para denunciar e exigir possíveis correcções tanto de conteúdo como de práticas e rotinas. |