Os centros internados, um pouco por toda a província de Nampula, não têm condições para albergar os estudantes, pois eles vivem naqueles locais sem qualquer dignidade, ou seja, falta quase tudo, desde a assistência médica e medicamentosa, alimentação condigna, segurança, dormitórios, para além de restrições de fornecimento de energia eléctrica e água potável.
Recentemente, de forma integrada, a organização Movimento de Educação Para Todos (MEPT), através dos seus parceiros UATAF e a Associação Mulher na Educação, realizou uma visita de monitoria a alguns centros internados das províncias de Sofala, Manica, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia, com vista a averiguar as condições de funcionamento.
Entretanto, segundo foi constatado, em vários centros de Nampula, os alunos vivem uma situação lastimável. A titulo de exemplo, o Centro de Internato da Escola Secundária de Ribàué, embora tenha infraestruturas com condições razoáveis, apresenta sérios problemas de alimentação, falta de colchões, redes mosquiteiras e sem local para assistência médica para os alunos.
“Desde o ano passado não recebemos redes mosquiteiras. Vezes sem conta temos tido recaídas por doenças e tem sido difícil chegarmos ao centro de saúde, por falta de um transporte. Estamos a pedir um centro de saúde perto de nós”, disseram os estudantes.
No Centro Internado de Namina, em Mecuburi, falta um pouco de tudo. Segundo relatos, há mais de um ano que aquele centro não recebe dinheiro para garantir a logística dos alunos internos, em total de 100. Os alunos alimentam-se graças a contribuição dos pais e encarregados de educação, havendo ausência total de segurança e os dormitórios estão em péssimas condições.
“Dormimos na esteira e comemos feijão cute todos os dias. Não variamos os alimentos e passamos quase um mês sem beneficiar da comida do centro. Nossos pais é que garantem a nossa alimentação. O gestor convocou uma reunião com os nossos pais onde ficou decidido que cada aluno deve trazer 20 quilogramas de milho, para garantir alimentação, mensalmente. Para além disso tudo, não temos colchões e falta água, para garantir a nossa higiene pessoal” – denunciaram os alunos.
Mesmo cenário é notório no lar do Instituto Industrial e Comercial de Nampula. Naquele instituto vive-se graves problemas de higiene, para além da falta de alimentação, os dormitórios estão em péssimas condições.
Já no Centro Internato do Instituto de Formação de Professores de Monapo ficamos a saber que não sai água há mais de 30 meses, porque os quatro tanques existentes estão furados e não há dinheiro para resolver o problema. Ao invés de estudar, os alunos acordam todos os dias para procurar água nos bairros e rios próximos, para o seu consumo.