O barulho sobre a exportação de produtos agrícolas, com destaque para o feijão bóer, a partir do Porto de Nacala está longe do seu fim, e os colossos económicos – a ETG e o Grupo Royal – continuam a transformar aquela infraestrutura portuária em um autêntico “ringue” de demostração de poder.
Há dias, uma inspecção conjunta do Tribunal Marítimo de Nampula, Alfândegas, Administração Marítima, supostamente, encontrou uma evidência que indica a possibilidade de os cerca de 200 contentores de feijão-bóer pertencentes a Green Mauritânia terem sido roubados dos armazéns da ETG.
Lembramos que, há um litígio comercial envolvendo a ETG e o Grupo Royal, que está relacionado com o negócio do feijão-bóer, cujas acusações culminaram em processos-crime, onde esta primeira empresa viu os seus produtos agrícolas (feijão-bóer, gergelim, feijão verde, milho branco e soja) a serem confiscados como forma de forçar o pagamento de uma caução de cerca de quatro mil milhões de meticais.
Entretanto, segundo os gestores da ETG uma parte da mercadoria apreendida estava no Porto de Nacala, prestes a ser exportada, daí que solicitaram o Tribunal Marítimo para inspeccionar a carga, acção que iniciou no dia 19 de Janeiro sobre 15 contentores dos 250 que o navio carregava, mas não foram encontradas provas da suspeita.
Depois dessa inspecção, os juristas da empresa submeteram outra solicitação exigindo a verificação dos restantes 235 contentores, tendo sido encontrado um saco de feijão-bóer da empresa ETG, em nome da Green Mauritânia, uma companhia supostamente usada pelo Grupo Royal para tirar o feijão-bóer para o mercado indiano.
O representante da ETG, Omar Amisse, disse que há provas de que a Green Mauritânia tentou exportar uma mercadoria pertencente a sua instituição e espera que o entendimento do Tribunal Marítimo não seja manipulado para distorcer as evidências encontradas.
Na ocasião, o juiz presidente do Tribunal Marítimo de Nampula, Boliz Júlio, afirmou que a acção inspectiva confirma ter encontrado feijão-bóer, mas não pode concluir se a mercadoria pertence a ETG ou a outra parte no processo.
Por isso, além das provas encontradas pela inspecção, a instituição vai analisar os documentos que constam nos autos e averiguar outras provas, e assim tomar a melhor decisão no acto da sentença.
Por seu turno, o director das Alfândegas de Nacala, João Saltiel, explicou que a mercadoria da Green Mauritânia tem a autorização de assistência fiscal do dia 23 de Novembro de 2023, por isso, considera que não deviam estar envolvidos na confusão entre a ETG e o Grupo Royal.
Esta confusão, por um lado, está a criar prejuízos para as operações do Porto de Nacala, pois a ocupação do cais por muito tempo faz com que os outros navios não entrem no Porto, o que prejudica o desembaraço aduaneiro e a colecta de receitas.
Por outro lado, há um receio de os agentes de navegação desistirem de usar o Porto de Nacala e diminuir o fluxo de navios.