Os residentes da zona da comunidade de Mucopoa, bairro de Marrere, arredores da cidade de Nampula, pedem a intervenção do Conselho Municipal local para dirimir a alegada usurpação das suas terras pela Universidade Lúrio (UniLúrio). O suposto conflito, segundo sabe o nosso jornal, remonta ao ano de 2009.
Com efeito, segundo consta nos documentos consultados pelo Wamphula Fax, no ano de 2009, o então Presidente do Conselho Municipal da cidade de Nampula, Castro Namuaca, decidiu que a população devia ceder o espaço, com vista a construção do campus da UniLúrio.
Na altura, viviam em Mucopoa cerca de 150 famílias, que, para além de casas de construção precária, desenvolviam actividades agrícolas na área que foi formalmente cedida à UniLurio pelo Conselho Municipal de Nampula.
Do registo feito, as 150 famílias deviam ser indemnizadas pela perda de suas benfeitorias, processo que aconteceu, mas alegadamente não foi abrangente, tendo beneficiado apenas 30 famílias.
Depois de efectuar o pagamento das benfeitorias de 30 famílias, a UniLúrio tratou de vedar o espaço e iniciar com as obras de construção de alguns edifícios, nomeadamente, salas de aulas, o imóvel onde funciona a reitoria, o lar dos estudantes, casas dos professores, campo para actividades desportivas, biblioteca, entre outras infra-estruturas.
Em 2011, as famílias que ainda aguardavam o pagamento das compensações foram orientadas por um funcionário da UniLúrio, identificado pelo nome de Naweto, para suspender as actividades agrícolas e melhoramento das suas casas precárias, porque a área tinha sido comprada.
Alguns moradores receberam um documento do Tribunal Administrativo da província de Nampula, em que eram acusados de terem recebido dinheiro de indemnização, pago pela UniLúrio e se recusam a desocupar os terrenos que ocupavam.
Os moradores contaram que escreveram uma carta ao Tribunal Administrativo a esclarecer as dúvidas, mas até hoje não tiveram resposta.
Os residentes contaram ainda que, no mesmo ano, fizeram um documento para a UniLúrio, através do seu gabinete jurídico, a reclamar sobre o rumo do expediente, mas em vão.
Por conta deste silêncio, os moradores receiam a tomada de medidas administrativas, sem que tenha sido ouvida a sua explicação.
“Eu já construí uma infraestrutura que me dá o pão de cada dia, já imaginou eles decidirem, de forma unilateral, vir destruir isso aqui. Não sou eu apenas, existem outras pessoas que apesar de terem sido lesadas, correm o risco de ficar sem os seus bens”, disse um dos moradores de Mucopoa, que responde pelo nome de Gonçalves Rafael.
Sobre o assunto, procuramos ouvir a reitoria da UniLúrio, mas tal intenção foi frustrada devido aos procedimentos burocráticos para o efeito.