Corrupção e nepotismo instalam-se no Porto de Nacala

Corrupção e nepotismo instalam-se no Porto de Nacala

Os actos de corrupção e nepotismo, associados a perseguição e ameaças de despedimento de colaboradores, supostamente desenvolvidos por parte da direcção, está a minar o ambiente de trabalho no Porto de Nacala. Esta situação, segundo denunciam os colaboradores daquele Porto, já atingiu níveis insuportáveis ao ponto de afectar a produção e produtividade da empresa.

O Wamphula fax está na posse de uma carta-denúncia enviada aos dirigentes do CFM-Norte, ao Secretário-geral da Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM) e ao sector do Trabalho pelos colaboradores, pedindo intervenção dessas entidades competentes no assunto.

Os trabalhadores acusam na carta ao director do Porto de Nacala, Neimo Induna, de violar grosseiramente os direitos dos trabalhadores consagrados na lei e acordados com a entidade patronal no contrato de trabalho, para além de humilhar e proferir palavras injuriosas para quem ousar reclamar sobre os seus direitos e benefícios.

O nosso jornal soube que trabalhadores do Porto de Nacala têm o direito de subsídio de transporte, alimentação, subsídio para a realização de cerimónias fúnebres, em casos de um parente do primeiro grau perder a vida. Aliás, os colaboradores têm receio de se dirigir a clínica quando estão doentes, porque os descontos que a instituição está a aplicar são exorbitantes.

A direcção do Porto de Nacala é, igualmente, acusada de promover admissões sem concursos públicos. Trata-se de manobras que visam apurar candidatos que fazem parte do circuito familiar e de amizade.

“O director do Porto de Nacala tem a ousadia de afirmar que o cargo que exerce é resultado da confiança do tio, Agostinho Langa. Por isso, ameaça tirar emprego aos trabalhadores que contrariam as suas ordens. Ele quer motivos de despedir alguém para dar oportunidade aos seus primos e pessoas próximas que não podem denunciar os actos de corrupção”, afirmaram os trabalhadores.

Curiosamente, estes actos de corrupção acontecem, segundo os próprios trabalhadores, com a conivência dos clientes e funcionários das Alfândegas de Nacala, afectos naquele Porto.

Os autores da carta-denúncia afirmam que se tornou algo normal a entrada e saída de diferentes tipos de drogas, a partir do Porto de Nacala, sem as autoridades tomarem o conhecimento.

Tudo é feito no meio de esquemas e operações clandestinas lideradas pelo próprio director, que aparece altas horas da noite ou no fim-de-semana para criar facilidades de carregamento e descarga no navio.

Os trabalhadores dizem que há clientes que beneficiam da isenção de taxas quando exportam e importam as suas mercadorias, e o dinheiro desse esquema vai no bolso de algumas pessoas o que prejudica as contas dos Caminhos de Ferro de Moçambique.

“São esses esquemas de corrupção que fazem parecer que o Porto de Nacala está a ter pouca produtividade, porque o dinheiro está a ser usado para fins pessoais” – acusaram os colaboradores.

Os denunciantes pedem as entidades competentes para intervir nos problemas que estão a acontecer no Porto de Nacala para colocar um ponto final às referidas atitudes.

Entretanto, o director do Porto de Nacala, Neimo Induna, desdramatizou o problema e afirmou que essas acusações são, efectivamente, infundadas. Segundo suas palavras, os trabalhadores que fazem essas denuncias, supostamente falsas, são aqueles que não se identificam com a sua forma de liderar a equipa e querem a todo o custo influenciar a sua substituição do cargo

No que diz respeito a admissão de funcionários sem concurso público, o dirigente confirmou e explicou que a instituição procedeu dessa forma, porque já tinha o perfil de alguns profissionais, que perderam os seus empregos naquele porto e preferiu solicitá-los para a entrevista e consequente admissão.