Crianças “mergulhadas” nos jogos de azar em Nampula

Crianças “mergulhadas” nos jogos de azar em Nampula

A proliferação de máquinas de fortuna ou azar, em locais impróprios, na cidade de Nampula, está a arrastar muitas crianças para o mundo desta prática imoral, com intuito de ganhar o dinheiro fácil.

Esta situação leva a que algumas crianças, em idade escolar, não tenham interesse pelos estudos, o que leva a queda do seu aproveitamento pedagógico escolar no fim de cada trimestre, pois em alguns casos, preferem “matar” as aulas para fixarem-se nos locais onde as máquinas foram colocadas, para experimentar a aposta com moedas destinadas a compra de lanche no intervalo, ou mesmo desviadas dos seus pais em casa.

Numa ronda efectuada pelo nosso jornal, foi possível apurar que as máquinas de fortuna ou azar, pertencentes a cidadãos de nacionalidade Chinesa, entretanto, geridas por cidadãos nacionais, são colocadas nos locais de maior fluxo de pessoas, como é o caso de mercados, residências privadas e barracas de venda de bebidas alcoólicas, mercearias, entre outros.

Marisa Mauro, residente no bairro de Matadouro, mãe de dois filhos, disse em entrevista a nossa reportagem, que a proliferação de máquinas de fortuna ou azar, faz com que os petizes retirem, sem autorização, moedas na sua residência, para ter acesso ao jogo.

“Actualmente, quando tenho moedas sou obrigada a esconder num local onde as crianças não tenham acesso, porque vão desviar e levar para jogar”, lamentou Mauro, que, no entanto, pede a remoção deste tipo de máquinas.

Angelina Brito, outra mãe de quatro filhos, residente no bairro dos Belenenses, disse ser preocupante que o governo autorize a instalação e funcionamento deste tipo de máquinas, que, segundo ela, pode desviar e comprometer o futuro dos petizes.

“As crianças, como grupo sem condição financeira, não têm outra alternativa se não roubar o dinheiro na casa dos pais, para ter acesso na maior inocência a estas máquinas”, lamentou Brito, que pede a Inspecção Nacional das Actividades Económicas a remoção destas máquinas em locais impróprios, ou mesmo interdição do acesso aos petizes.

A reportagem do Wamphula fax tentou, sem sucesso, colher informação da Inspecção Nacional das Actividades Económicas delegação de Nampula, para saber a legalidade e se tem controlo destas máquinas por questões burocráticas da instituição.