O reverendíssimo padre Fernão Magalhães, candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ao cargo de governador da província de Nampula, está sob ameaça de suspensão e perda do estado clerical.
A Arquidiocese de Nampula emitiu um comunicado, nesta quarta-feira, alertando que, caso Magalhães continue a se envolver na política, sem a devida autorização, ele poderá enfrentar sanções canónicas.
De acordo com a nota oficial da Arquidiocese, Magalhães, que também é pároco da paróquia de Cazuzu, no distrito de Murrupula, manifestou a sua indisponibilidade para continuar exercendo as suas funções clericais.
A decisão de se candidatar ao cargo de governador foi tomada sem a autorização prévia de seu arcebispo, o que gerou preocupações e levou à comunicação pública.
“ O Reverentíssimo padre Fernão Magalhães Raul tomou a decisão de candidatar-se ao cargo de governador da província de Nampula ( e efectivou a sua decisão), sem o conhecimento do arcebispo, o seu superior hierárquico” – lê-se no comunicado que a redacção do Wamphula fax teve acesso.
A nota acrescenta que a decisão de Magalhães contraria o Código de Direito Canónico, que proíbe clérigos de ocupar cargos que impliquem participação directa no poder civil. Após a divulgação de sua candidatura, o arcebispo de Nampula convocou Magalhães para uma reunião, onde lhe foi aconselhado a retirar a sua candidatura devido à incompatibilidade com as normas eclesiásticas.
O candidato solicitou verbalmente uma dispensa temporária do ministério sacerdotal por dois anos, pedido que não foi aceite.
Segundo a nota, o arcebispo orientou que o pedido fosse formalizado por escrito para obter uma resposta oficial. Apesar das várias tentativas de persuasão para que Magalhães desistisse de sua candidatura, ele insistiu em seguir adiante com a sua campanha eleitoral.
Segundo relata, ainda, o documento que temos vindo a citar, a Arquidiocese informou que, devido à sua indisponibilidade para cumprir as suas funções de pároco, a paróquia de Cazuzu estará sob a administração interina do pároco da paróquia vizinha de Santa Ana.
O comunicado sublinha que a candidatura de Magalhães é um assunto pessoal e não reflecte a posição oficial da Igreja Católica.
“Este comunicado visa esclarecer à comunidade e à sociedade que a candidatura de Fernão Magalhães ao cargo de governador é uma decisão pessoal e não tem relação com a Arquidiocese ou com a Igreja Católica”, conclui a nota.
