A desinformação sobre a origem e evolução da cólera na vila de Nametil, no distrito de Mogovolas, em Nampula, levou à vandalização, por populares desconhecidos, na noite da última quinta-feira, de infraestruturas públicas, com destaque para o centro de tratamento da chamada doença das mãos sujas.

Tudo começou quando os populares se dirigiram ao posto policial para exigir que lhes fosse entregue a pessoa que alegadamente matou um agente económico, para fazer justiça pelas próprias mãos. Em retaliação pela recusa da Polícia da República de Moçambique (PRM), decidiram vandalizar infraestruturas de saúde.

De acordo com o administrador do distrito, Emanuel Impissa, depois de ver negada a sua pretensão, a população dirigiu-se ao centro de saúde local, onde vandalizou o posto policial, o centro de tratamento de doentes de cólera (que assola aquela região), o bloco operatório, a Rádio Comunitária, a residência do chefe do posto administrativo-sede, do primeiro-secretário do comité distrital e da zona do partido Frelimo, e os escritórios da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras.

“Eles estão organizados em pequenos grupos, que, por sua vez, vão atacando os diferentes alvos ao nível do distrito”, explicou Impissa.

De acordo com o administrador, para além de acusarem a polícia de proteger o suposto assassino do comerciante agora falecido, a população “acusa” as autoridades administrativas e seus parceiros de envolvimento no suposto esquema de “propagação da cólera” naquela região de Nampula.

A doença está a ser difícil de controlar devido à recusa de familiares de alguns doentes em se dirigirem às unidades sanitárias para tratamento.

Os seis doentes que estavam internados no centro de tratamento tiveram que fugir durante a vandalização e encontram-se em local incerto, temendo-se que a sua presença na comunidade continue a propagar o vibrião colérico.

Números divulgados no último fim de semana revelam que já morreram 21 pessoas desde que a doença eclodiu em Mogovolas, sendo 4 óbitos hospitalares e os restantes 17 nas comunidades.