O ciclone tropical Chido entrou de forma estrondosa, na madrugada deste domingo, nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, no norte de Moçambique, deixando um rasto de destruição em alguns distritos, sobretudo com várias famílias desabrigadas, devido ao desabamento parcial ou total das suas casas, causado pela força dos ventos que atingiram os 215 km/h e pela intensa chuva.
Tal como era previsível, pouco depois das duas horas da madrugada começaram as chuvas na zona costeira, mas foi perto das cinco horas que ocorreu o epicentro da entrada nos distritos de Mecufi, em Cabo Delgado, e Memba, em Nampula.
Enquanto o vento destruía infraestruturas, sobretudo habitacionais, e derrubava árvores, as chuvas intensas foram inundando as estradas e outros locais, dando indícios de cheias nas bacias de alguns rios da região.
Em Nampula, os distritos de Memba, Nacala e Mogincual, localizados na zona costeira, Eráti, Lalaua e Malema, já no interior da província, foram os mais afectados, sendo os primeiros atingidos por ventos e chuvas, e os últimos por chuvas intensas resultantes do ciclone tropical Chido.
Dados preliminares partilhados na tarde de ontem pelo Comité Operacional de Emergência (COE), dirigido pela Presidente do Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, indicam que o fenómeno foi mais severo em Cabo Delgado, mas também deixou algumas pessoas sem abrigo na província de Nampula.
Trata-se de 85 pessoas que ficaram sem abrigo, correspondendo a 17 agregados familiares, dos quais 14 residiam no distrito de Memba e 3 no distrito de Mogincual, números que poderão aumentar em face dos levantamentos ainda em curso.
O INGD afirmou não possuir registos de mortes ou feridos, mas confirmou o desaparecimento de uma pessoa no distrito de Nacala.
Os dados preliminares do INGD em Nampula indicam que o fenómeno afectou também algumas infraestruturas públicas, com destaque para escolas, no distrito de Memba.
Aquela instituição informou que as vias de acesso se encontram transitáveis, mas existe o receio do corte de algumas, devido ao eventual aumento dos caudais dos rios da região.
Enquanto o INGD indicou a destruição de 3 postos de energia, o que deixou cerca de 25 mil famílias sem corrente elétrica, um comunicado da empresa EDM revela que mais de 200 mil clientes estão privados de consumo, sendo parte destes dos distritos de Memba e Eráti, que sofreram um apagão.
Todavia, como resposta aos danos causados pelo fenómeno, a província de Nampula criou dois centros de acolhimento nos distritos afectados, e as famílias estão a receber assistência alimentar, higiene, entre outras, até à reconstrução dos seus abrigos.
Ainda no início da tarde de ontem, o fenómeno reduziu a intensidade para Tempestade Tropical Severa e foi-se alastrando para a província de Niassa, entrando no vizinho Malawi. Espera-se que hoje a província de Tete sofra com chuvas intensas, até que o Chido entre no Zimbabwe.