A província de Nampula não dispõe de material específico para a realização de exames de diagnóstico da febre tifóide. A informação foi avançada pelo chefe do Departamento de Saúde Pública no Serviço Provincial de Saúde, Geraldino Avalinho, que explicou que os testes anteriormente usados foram descontinuados por não serem suficientemente fiáveis.
Segundo Avalinho, o único teste comunitário que existia foi retirado há mais de cinco anos, por ser apenas sensível, mas não específico. “Passamos a seguir os resultados de um estudo prévio, que recomendava manter apenas o teste de diagnóstico ‘ouro’ da febre tifóide”, explicou.
O responsável reagia a informações divulgadas por um estudo do Instituto Nacional de Saúde (INS), que indicava haver percepções erradas sobre a prevalência da doença. Segundo o estudo, apenas 2% da população de Nampula testou positivo para febre tifóide, contrariando a ideia de um surto generalizado. O mesmo estudo aponta ainda que, em algumas comunidades, a doença chegou a ser encarada como algo “normal” ou “aceitável”.
Actualmente, apenas duas unidades em Nampula têm capacidade técnica para diagnosticar a febre tifóide de forma precisa: o Hospital Central de Nampula e o laboratório do INS, delegação provincial.
“Nenhuma outra unidade do Sistema Nacional de Saúde (SNS) tem condições para realizar hemoculturas e isolar a bactéria, devido às exigências técnicas envolvidas”, afirmou Avalinho.
Entretanto, algumas clínicas privadas continuam a utilizar os antigos testes, que apesar de apresentarem alta sensibilidade (até 90%), têm baixa especificidade, o que pode levar a falsos positivos. “Isso contribui para a automedicação e o uso excessivo de antibióticos, agravando o risco de resistência”, alertou.
Avalinho sublinha que a febre tifóide não representa, neste momento, um problema de saúde pública na província. “Com apenas 2% de casos positivos, não há motivos para alarmismo. O problema está na utilização de testes desactualizados, que não são mais recomendados a nível nacional.”
O responsável encorajou os utentes a denunciarem casos em que unidades de saúde públicas realizem testes para febre tifóide sem respaldo técnico. “Já em 2021 reunimos com os representantes das clínicas privadas para reforçar a normatização. No entanto, ainda há resistência por parte de algumas”, lamentou.
Como medida de controlo, o sector da Saúde exige agora que todos os atestados médicos baseados em diagnósticos de febre tifóide sejam homologados para terem validade.
