O Tribunal Judicial da Província de Nampula convocou a imprensa, na passada sexta-feira, para anunciar a detenção, ocorrida no dia 9 do corrente mês, de quatro agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e de um agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), todos afectos ao Comando Distrital de Mogovolas.
Os cinco são acusados de envolvimento num caso de assalto e roubo de 56 quilogramas de ouro e 900 gramas de pedra preciosa do tipo paraíba, com recurso a armas de fogo. Os bens pertenciam a um cidadão cuja identidade não foi revelada.
Além dos minérios mencionados, o grupo é igualmente acusado de ter subtraído telemóveis e outros bens de menor valor económico.
De acordo com informações em nossa posse, o incidente ocorreu no passado dia 5, tendo envolvido um grupo de cerca de oito indivíduos, entre os quais os referidos agentes das duas corporações. O grupo encontrava-se munido de três armas de fogo do tipo AK-47 e uma pistola, com as quais terá levado a cabo o assalto.
Durante a conferência de imprensa, o porta-voz do Tribunal Judicial da Província de Nampula, Victor Vilanculos, explicou que o anúncio da detenção surge na sequência de uma pressão exercida pelos órgãos de comunicação social, tendo em conta o silêncio mantido até então pelo Comando Provincial da PRM em Nampula.
Segundo Vilanculos, decorre actualmente o processo de recolha de provas, com vista a apurar o grau de envolvimento de cada um dos detidos.
“No entanto, posso garantir que há, de facto, indícios de participação de alguns membros da PRM e do SERNIC, afectos ao Comando Distrital de Mogovolas”, afirmou, acrescentando que os indivíduos envolvidos se fizeram passar por agentes da PRM, apresentando documentos que os identificavam como tal, no momento do assalto.
Ainda de acordo com o porta-voz, após o ocorrido foi apresentada uma queixa junto do SERNIC, com conhecimento da Procuradoria Provincial. Dada a gravidade do acto e os valores envolvidos, o Ministério Público emitiu um mandado de busca e captura, que resultou na detenção de alguns suspeitos.
Os detidos foram submetidos, no dia 10 de Julho, ao primeiro interrogatório judicial. Na sequência, o tribunal decidiu aplicar a medida de liberdade provisória sob termo de identidade e residência a alguns dos envolvidos, tendo outros sido libertos por falta de elementos suficientemente fortes para sustentar a detenção.
Até ao momento, a PRM em Nampula não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, tendo inicialmente negado o envolvimento de seus agentes no caso.
Contudo, num episódio amplamente divulgado nas redes sociais, tem-se levantado uma questão recorrente: como é que um cidadão mantinha, em sua casa e num distrito sem grandes condições de segurança, mais de 50 quilogramas de ouro? Segundo estimativas, o roubo é avaliado em mais de 300 milhões de meticais.
