Um jovem de 19 anos, identificado como Momade Camilo, residente na cidade de Nacala, província de Nampula, foi baleado pela Polícia da República de Moçambique (PRM) durante as manifestações de repúdio aos resultados eleitorais. Desde então, vive com uma bala alojada no corpo, o que lhe tem causado graves problemas de saúde.
Camilo vive com o pai no bairro de Ontupaia. De acordo com o seu relato, no dia em que foi baleado, encontrava-se no bairro de Mathapue, em Nacala, para visitar a mãe, que vive separada do pai. Pode-se dizer que Momade Camilo estava no lugar errado, à hora errada.
Enquanto passava pelo mercado de Mathapue, cruzou-se com uma viatura da PRM. “Sem dó nem piedade, os agentes começaram a disparar. Eu tentei fugir, mas acabei atingido por uma bala perdida”, contou.
Socorrido pelos amigos, Camilo foi levado ao hospital distrital de Nacala, onde ficou internado e passou por uma intervenção cirúrgica. No entanto, após três semanas, as dores persistiram. A família decidiu então marcar nova consulta, e um exame de Raio-X revelou que um projétil permanecia alojado nas suas costelas.
Os médicos explicaram que a remoção da bala exigia uma cirurgia complexa. Por isso, Camilo foi transferido para o Hospital Central de Nampula. Contudo, segundo a família, a maior unidade sanitária da região norte acabou por ignorar o caso, já que a cirurgia nunca foi realizada, e o jovem regressou a casa sem tratamento adequado.
O pai de Camilo suspeita que o atendimento precário possa estar relacionado com exigências de pagamentos informais. No entanto, a família, com recursos financeiros limitados, não conseguiu avançar com essa possibilidade.
Actualmente, há um apelo por ajuda. “Tudo o que Momade Camilo deseja é a remoção da bala para voltar a ter saúde. Qualquer apoio é bem-vindo”, conclui o pai.
