Na madrugada do último fim-de-semana, um incêndio de origem criminosa deixou em choque a comunidade de Namuali, na vila-sede do distrito de Rapale, província de Nampula.
Segundo relatos locais, indivíduos ainda não identificados amarraram a porta de uma residência com arame e atearam fogo, enquanto a família se encontrava a dormir no interior.
O proprietário, José Armando Rumia, contou que o alerta foi dado pela filha mais velha, ao perceber as chamas a invadir o telhado. “Foi um milagre termos escapado. Se não fosse a coragem dos vizinhos, hoje estaríamos todos mortos”, disse, emocionado.
No momento do ataque, encontravam-se dentro da casa oito membros da família, incluindo crianças pequenas. Graças à pronta intervenção dos vizinhos, que arrombaram uma das janelas, todos conseguiram escapar com vida, ainda que em estado de pânico.
A habitação, construída ao longo de vários anos com esforço da família, ficou completamente reduzida a cinzas. Poupanças, roupas, utensílios domésticos e documentos pessoais foram consumidos pelas chamas, deixando os moradores sem abrigo e em situação de grande vulnerabilidade.
O episódio semeou medo e revolta em Namuali, onde a população exige uma investigação célere e medidas concretas das autoridades para travar este tipo de crimes.
O caso ocorreu apenas dois dias depois de outro acontecimento trágico na mesma comunidade: o suicídio de uma adolescente de 15 anos, que teria mantido uma relação com um homem mais velho.
De acordo com familiares, a menor foi aconselhada a pôr fim ao relacionamento após a descoberta do envolvimento. Sentindo-se pressionada, acabou por decidir tirar a própria vida, provocando profunda comoção entre vizinhos e colegas.
As duas tragédias, registadas num curto intervalo de tempo, levantam preocupações sobre a crescente vulnerabilidade social em Rapale, onde se cruzam problemas de violência, exploração e falta de acompanhamento às famílias.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou estar a investigar ambos os casos. No primeiro, procura identificar os autores do incêndio; no segundo, apurar as circunstâncias que levaram a adolescente ao gesto extremo.
Entretanto, líderes comunitários apelam a apoio psicológico para as famílias afectadas e pedem maior presença policial na zona, de forma a devolver a paz e a confiança abaladas pelos recentes acontecimentos.