Faz-se parto à luz da vela no Centro de Saúde de Anchilo

Faz-se parto à luz da vela no Centro de Saúde de Anchilo

No Centro de Saúde de Anchilo, no distrito de Nampula, a rotina da maternidade transformou-se num desafio diário. Há duas semanas, que a unidade hospitalar enfrenta falta de água potável e cortes de energia eléctrica, deixando pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde à mercê de condições precárias.

Segundo apurou o Wamphula Fax, a ausência de água compromete a higiene das enfermarias e dificulta a prestação de cuidados médicos. Muitos acompanhantes carregam baldes de água vindos de casa, enquanto outros recorrem à solidariedade dos vizinhos para garantir o essencial.

“Estamos com sérios problemas de falta de água. Muitas vezes, os doentes passam dois ou três dias sem banho, o que agrava o seu estado de saúde. Cada família tem de trazer o seu recipiente para garantir as necessidades do paciente”, contou Fernanda Simão, acompanhante de uma paciente internada.

Fernanda, que levou a irmã para dar à luz, descreveu as dificuldades enfrentadas durante o parto. “Não está a ser fácil. Pelas más condições, muitas mulheres pensam em fazê-lo em casa. Tive de comprar água no bairro para lavar as fraldas do bebé. É triste ver um hospital público nestas condições”, lamentou.

Por seu turno, António Samuel, outro acompanhante, classificou a situação como “um atentado à saúde pública”.

“Não ter água num hospital é grave. Em vez de os pacientes recuperarem, correm o risco de piorar. Como é que se mantém a higiene sem água?”, questionou.

A situação agrava-se com a falta de energia eléctrica. O hospital recorre a lanternas de telemóvel ou a luz de velas, para realizar partos e prestar cuidados de emergência durante a noite.

“É arriscado trabalhar nestas condições. A falta de energia eléctrica compromete o nosso trabalho, sobretudo nas salas de parto”, revelou uma enfermeira que preferiu permanecer anónima.

Contactado pelo Wamphula Fax, o director do Centro de Saúde de Anchilo confirmou as dificuldades, esclarecendo que a responsabilidade está na Direcção Distrital de Saúde, que já foi informada da situação. Resta agora uma intervenção urgente para garantir condições dignas de atendimento à população.