Dezenas de pescadores concentraram-se na manhã de ontem no distrito costeiro de Angoche, diante das instalações da Administração Marítima local, em protesto contra a detenção de colegas e a apreensão de embarcações e redes de pesca por parte da fiscalização da INAMAR (Instituto Nacional da Marinha).
Inicialmente, o encontro foi mesmo convocado pela Administração Marítima, para esclarecimento do que está a acontecer, mas rapidamente o acto degenerou em confrontos e desordem.
De acordo com testemunhas no local, mais de uma centena de pescadores invadiram o pátio da instituição, retirando à força as redes e embarcações que haviam sido apreendidas, considerando como tendo havido “excesso de zelo” das autoridades fiscalizadoras.
“Queremos trabalhar em paz. Não somos criminosos, apenas queremos sustentar as nossas famílias”, afirmou um dos pescadores, secundado por outros que pediam diálogo entre a INAMAR e as comunidades piscatórias.
“A fiscalização deve ser feita, mas com respeito. Precisamos de soluções e não de perseguições”, desabafaram.
Os pescadores bloquearam a principal via de acesso ao porto de pesca, impedindo a circulação de viaturas, incluindo camiões que transportavam pedras destinadas às obras de reabilitação daquela infraestrutura.
O bloqueio prolongou-se por várias horas, causando congestionamento e despertando a atenção das forças de ordem, que foram chamadas para repor a tranquilidade no local.
Fontes ligadas à Administração Marítima afirmam que as detenções resultaram de operações de fiscalização que visam combater a pesca ilegal e garantir o cumprimento de normas marítimas.
Por seu tudo, os pescadores alegam que as apreensões foram arbitrárias e que muitos deles exercem a actividade em áreas tradicionalmente utilizadas pelas comunidades locais.
O Administrador Marítimo de Angoche, apelou a calma, garantindo que as autoridades estão a acompanhar o caso e que vão colaborar com o Ministério Público para esclarecer os casos dos detidos, sem revelar o número.