Arrancou no último domingo, no Hospital Central de Nampula, a campanha de intervenção cirúrgica de fístulas obstétricas, com objectivo de restaurar a integridade e dignidade das mulheres que padecem daquela enfermidade, que por vários motivos não conseguiram aderir às campanhas anteriores.
Sem especificar o número das mulheres a serem abrangidas, Igor Vaz, renomado médico cirurgião obstetra do Hospital Central de Maputo, mentor da iniciativa, através da associação “Focus Fistulas”, em parceria com o Ministério de Saúde, disse que a campanha será conduzida por cirurgiões apurados, oriundos de países como Irlanda, Madagáscar, Itália e Brasil, com a participação de médicos e técnicos de cirurgia de Nampula
Igor Vaz explicou que maior número das mulheres com problemas de fístulas obstétricas, são provenientes dos distritos localizados no interior da província de Nampula, onde ainda predomina o problema de casamentos prematuros, que resultam em gravidezes precoces, para além de outros factores sociológicos.
Esta situação, de acordo com a fonte, tem contribuído no aumento de casos relacionados com mortes materno infantil, nas unidades sanitárias, por conta das complicações durante o parto.
“As mulheres com fístulas são sujeitas ao sofrimento no dia-a-dia, que passa pela humilhação e vai até ao abandono por parte das suas famílias, comprometendo sobremaneira o desenvolvimento, tanto físico como psicológico das pessoas afetadas”, explicou Vaz.
A fistula obstétrica é uma abertura anormal entre o trato genital da mulher e urinário ou recto, causado por parto artesanal e obstruído, sem acesso a cuidados médicos imediatos e de qualidade.
Acrescentou que, a fístula obstétrica pode ser prevenida através do acesso a cuidados obstétricos de emergências e acompanhamento pré-natal e de parto, por isso ter aconselhado as mulheres a fazerem-se presentes nas unidades sanitárias para evitarem o pior.
Informações em nosso poder, indicam que até ontem, segunda-feira, haviam sido operadas oito pacientes.
“Não temos dados específicos das mulheres que serão operadas. Até agora, operamos 8 mulheres e uma que precisa de uma observação no hospital central de Maputo. Vamos fazer de tudo para atender maior número de mulheres com problemas de fístulas”, assegurou.
Reconheceu haver incapacidade para atender a demanda dos pacientes, pese embora o envolvimento de cirurgiões estrangeiros.
“O nosso desejo é de resolver o maior número de casos. Só para se ter uma ideia, dos 30 casos observados, dois revelaram problemas graves, daí haver a necessidade de promover mais campanhas para devolver alegria no rosto das mulheres”, disse Vaz.
Para colmatar o problema, decorre paralelamente a formação de cirurgiões do Hospital Central de Nampula no sentido de, nos próximos dias, a campanha abranger maior número de pacientes com fístula obstétricas.
“Outro objectivo da campanha é ensinar os especialistas moçambicanos que trabalham na província de Nampula, a resolverem por si só, estes problemas, porque não faz sentido que as equipas venham de fora permanentemente enquanto temos pessoas capazes”, explicou Vaz, referindo que campanhas idênticas vão decorrer em Sofala e Zambézia.
