A Associação dos Empreiteiros de Nampula (AEMPRENA) aponta a corrupção enraizada, em todos os sectores do Estado, para que se consiga adjudicação de obras públicas a empreiteiros, como sendo uma das causas que está na origem do abandono de muitos empreendimentos.
A acusação dos empreiteiros foi feita, recentemente, durante a reunião com o governador de Nampula, Manuel Rodrigues, onde alguns membros daquela agremiação denunciaram que, para um empreiteiro ganhar um concurso, para além de ter a proposta do menor preço, é obrigado a dar uma comissão aos funcionários afectos à UGEA – Unidade gestora e aquisitora de acções.
“A avaliação do menor preço prejudica muito a qualidade da obra. Tudo indica que, no Estado, as pessoas que lá trabalham esquecem que a qualidade custa muito caro, e para piorar as coisas, o empreiteiro deve tirar 5 a 10 por cento do valor da obra, para subornar os funcionários da UGEA. O que resta para fazer uma obra de qualidade?” Questionou um dos empreiteiros.
Para além da corrupção, a demora no pagamento foi igualmente apontada como um dos factores que está na origem do abandono das obras públicas, porque, segundo os construtores, eles executam as obras até quase 70 por cento, sem nenhum pagamento por parte do governo, e quando vão pedir o valor, são ditos para aguardar cabimento e nunca mais recebem, acumulando prejuízos de vária ordem.
O Presidente da AEMPRENA, Mário Albano, também rebateu a questão relativa a corrupção e contratação de obra à base de menor preço, como estando na origem da falta de qualidade e abandono das obras públicas.
“Os técnicos da UGEA, por uma questão de ginástica, eles avaliam o preço mais baixo apresentado nas propostas, e exigem daquele mesmo valor, uma percentagem, de suborno, para o empreiteiro ganhar a obra, estes factores todos contribuem para aquilo que é a qualidade final da obra, não sei se este problema vai acabar um dia”, disse Albano.
Já o Governador de Nampula, Manuel Rodrigues, diz que o combate deste mal, passa pela divulgação dos instrumentos legislativos, para que todos possam conhecer e dominar.
“Nós temos que ter sessões de trabalho, onde quadros do gabinete de combate à corrupção devem estar presentes para explicar sobre como as pessoas devem denunciar esses males. Muitos de vocês acham que é melhor não denunciar o corrupto, porque se não, nunca vão ganhar mais obra, isso está errado. Se não conseguem fazer denúncia em reuniões como esta, podem se dirigir às entidades competentes, se necessário na minha companhia, porque já é hora de acabarmos com essas malandrices”, disse Rodrigues.
