Águas da Região Norte sem solução para a crise de água em Nampula

Águas da Região Norte sem solução para a crise de água em Nampula

A empresa Água da Região Norte (AdRN) reconhece que os oito furos de água abertos na zona de Namiteca, na cidade de Nampula, para a captação de águas subterrânea, destinada ao abastecimento das comunidades residentes no bairro de Muahivire, arredores da urbe, não resolvem a crise deste precioso líquido em face da demanda naquela unidade residencial.

Esta informação foi partilhada ontem, quarta-feira, no bairro de Natikiri, pela empresa, à margem da III sessão do Conselho Provincial de Coordenação, em que um dos pontos de agenda estava relacionado ao ponto de situação do abastecimento de água nas cidades de Nampula, Nacala, Ilha de Moçambique e Angoche.

Não há detalhes sobre quantos metros cúbicos de água produzem os oito furos em funcionamento, diariamente, para abastecer aquela comunidade, embora o investimento para a sua construção tenha custado vários milhões de dólares americanos.

Lembramos que, em 2021, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) anunciou a disponibilização de pouco mais de 25 milhões de dólares norte-americanos, para o Governo moçambicano dinamizar investimentos que visam melhorar o abastecimento de água à cidade de Nampula.

O valor deveria ser usado para implementar as obras de construção de 20 furos de água no bairro de Namiteca. Mais tarde, foi tornado público que seriam apenas dez furos com uma capacidade de produzir 6 mil metros cúbicos de água/dia, o que iria representar, supostamente, um incremento de cerca de 20 por cento da capacidade instalada na albufeira sobre o rio Monapo, que era 40 mil metros cúbicos/dia.

Entretanto, parte do resultado de um estudo feito pela AdRN, tornado público ontem, revela também que, para satisfazer a procura de água, na cidade de Nampula, são necessários 120 mil metros cúbicos por dia, contra 46 mil metros da capacidade actual do sistema de fornecimento do precioso líquido à urbe.

A incapacidade de AdRN de satisfazer a demanda, pelo menos na cidade de Nampula, deve-se à sazonalidade das fontes de captação, isto é, são fontes que dependem da época chuvosa para incrementar as suas capacidades de encaixe.

Por conta disso, tem havido projecção dos volumes captados, que permite satisfazer a demanda nas condições definidas, no plano de restrições, até 15 de Janeiro do ano seguinte, período em que se tem a certeza da ocorrência de chuva.

Para mitigação dos impactos decorrentes da baixa dos volumes de armazenamento da água, a AdRN tem recorrido aos planos de restrições no abastecimento do precioso líquido.

Foi revelado que, adicionalmente, ao sistema tradicional, existem 54 fontanários ou depósitos e 8 tomas, para abastecimento de camiões cisternas, para situações de crise, que são alimentadas por energia eléctrica da rede pública e eólica.

Em relação aos sistemas existentes em Nacala-Porto, consta que eles têm capacidade para fornecer 20 mil metros cúbicos em 18 horas do dia, porém, o sistema tem estado a enfrentar cortes e oscilações da corrente eléctrica, situação que compromete o seu funcionamento normal.

Já em Angoche, o sistema está a operar normalmente, com uma produção média de 1, 8 metros cúbicos, para um período de 12 horas, e ma Ilha de Moçambique, o sistema está a operar em pleno com uma produção diária de 1,7 metros cúbicos.

Em relação a projectos de construção de sistema de captação de água, a partir da barragem de Mugica, para abastecimento da cidade de Nampula, consta que se está na fase de selecção do consultor, para a realização do estudo de viabilidade.