Na cidade de Nampula, há cada vez mais crianças que abandonam os estudos, para se dedicarem a extração e venda de pedra para o sector de construção civil, como forma de alegadamente ajudar os familiares nas despesas de casa, ante o alto custo de vida.
Na manhã de sexta-feira passada, a reportagem do Wamphula-fax escalou a pedreira artesanal de Muhala, localizada nos arredores da cidade de Nampula, onde deparou-se com dezenas de pessoas, entre elas mulheres, jovens, adultos e crianças, que, debaixo de sol, estavam a extrair e partir a pedra.
A par de outros pontos da cidade, onde se faz a exploração de pedra, ali os miúdos, munidos de martelos e outro tipo de instrumentos, partiam a pedra rachão e brita.
Após a transformação da rocha em brita, os petizes vendem cada lata de 10 litros de capacidade, ao preço de 150 Meticais.
O mais grave, conforme testemunhamos, este trabalho de transformação da rocha em brita, nesta pedreira, é feito sem uso de meios de protecção das mãos e vias respiratórias.
Zainabo Anlaue, aluna da 3ª classe na Escola Primária Serra da Mesa, disse ter sido convidada pela mãe a abraçar a actividade de extração e venda de pedra, como forma de ajudar nas despesas de casa onde juntas vivem.
Anlaue disse que a transformação da rocha em brita, exige uso de muita força e técnica, pois, “para a pessoa que não sabe este trabalho custa fazer. Todos os dias ajudo minha mãe, chego aqui as seis horas e quando forem 10 horas vou a escola”, explicou.
Um outro petiz, que se identificou apenas pelo nome de Abel, aluno da escola primária de Cocamo, contou-nos que explora pedra naquele local, há mais de um ano, a convite de seu avô.
Encontramo-lo no local cerca das 9.30h, período que segundo o horário em vigor no ensino primário, deveria estar na sala de aulas e não naquele local.
“Estudo de manhã, fui à escola e voltei porque o professor não veio, por isso estou aqui”, justificou-se Abel.
Outra criança, que se identificou por Osvaldo, órfão de mãe e pai, disse que se dedica àquele negócio, para ajudar o tio nas despesas de casa. “Eu já não estou a estudar, porque não tenho condições”, contou o pequeno Osvaldo.
