A província de Nampula traçou como meta reduzir a taxa de desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos dos actuais 46% para 40% até 2029.
Paralelamente, assumiu o compromisso de reforçar a governação, a coordenação e a participação multissectorial, através da promoção de sessões regulares dos Conselhos Provincial (COPSAN) e Distritais de Segurança Alimentar e Nutricional (CODSAN), bem como da realização de pelo menos dez eventos de alto nível sobre esta matéria.
Para alcançar esse objectivo, o governador da província, Eduardo Abdula, defende o aumento da produção e do consumo de alimentos diversificados e nutricionalmente ricos.
Segundo referiu, a meta passa por garantir incrementos anuais significativos de produção: 20% em cereais e leguminosas, 15% em hortícolas e pescados, 20% em carnes e 25% em frangos e ovos.
“Queremos aumentar a oferta de alimentos processados e fortificados localmente, com o objectivo de atingir, até 2029, pelo menos 30% de disponibilidade desses produtos no mercado”, destacou Abdula.
Acrescentou ainda que está em curso o desenho do plano director dos mercados e abastecedores da província, visando consolidar a rede de mercados grossistas e requalificar pelo menos um mercado por distrito, além de expandir a rede de estradas transitáveis dos actuais 38% para 48%.
O governador salientou que o envolvimento activo dos parceiros de cooperação, da sociedade civil, do sector privado, da academia e das comunidades locais, bem como a colaboração entre sectores e o fortalecimento da governação descentralizada, são cruciais para o êxito das políticas e programas de segurança alimentar e nutricional em curso.
Na sua intervenção, Abdula alertou que os elevados índices de desnutrição crónica infantil — que afectam 46,7% das crianças entre os 6 e os 59 meses — e a prevalência de anemia em 52% das mulheres em idade fértil comprometem gravemente o desenvolvimento cognitivo, a saúde materno-infantil e o futuro das famílias da província.
Referiu ainda que o Plano Estratégico de Segurança Alimentar e Nutricional de Nampula (2025–2029) propõe um roteiro integrado para fortalecer a produção sustentável, ampliar o acesso e o uso adequado de alimentos e assegurar a estabilidade dos sistemas alimentares.
Abdula falava durante o encerramento da 1.ª Conferência Internacional de Nutrição e Agronegócios de Nampula, que decorreu na cidade capital e reuniu especialistas nacionais e internacionais, investigadores, empresários, deputados e membros do governo a todos os níveis.
O governante reconheceu que Nampula enfrenta sérios desafios estruturais, como a baixa diversificação produtiva, elevados níveis de pobreza e o limitado acesso a serviços básicos. Estes factores exigem respostas urgentes, coordenadas e prioritárias, de modo a garantir o direito à alimentação adequada para todos.
“Para além dos impactos decorrentes de desastres naturais, deslocamentos populacionais e limitações estruturais que afectam directamente a produção e o acesso a alimentos, torna-se imprescindível unir esforços, apostar na inovação e manter um compromisso contínuo com o reforço da resiliência dos sistemas alimentares e a melhoria da qualidade de vida da população”, sublinhou.
Finalizando, Abdula reforçou que a segurança alimentar e nutricional deve ser encarada como um direito humano fundamental, indispensável para assegurar o desenvolvimento social e económico do país — e, em particular, da província de Nampula.
