HCN promete pagar horas extraordinárias dos médicos na próxima semana

HCN promete pagar horas extraordinárias dos médicos na próxima semana

A direcção do Hospital Central de Nampula (HCN), que enfrenta uma greve parcial dos médicos devido ao atraso no pagamento das horas extraordinárias, assegurou esta quarta-feira que está a trabalhar para regularizar a situação e liquidar as dívidas existentes, cujo montante total não foi revelado.

A informação foi avançada pelo porta-voz do HCN, Selemane Isidoro, que esclareceu que a paralisação afecta apenas as actividades realizadas fora do horário normal, nomeadamente as escalas das 15h30 às 7h00, bem como os feriados e fins-de-semana.

“Não se trata de uma greve total, mas de uma suspensão das actividades extraordinárias enquanto aguardamos a resolução do problema”, explicou.

O hospital conta actualmente com mais de 200 médicos e cerca de 2 mil funcionários distribuídos pelos diferentes sectores administrativos. Contudo, desde 2024 a instituição enfrenta dificuldades financeiras, o que tem comprometido o pagamento regular das horas extraordinárias, sobretudo nas áreas de urgência, maternidade, pediatria e bloco operatório.

Segundo Isidoro, a dívida acumulada remonta desde 2024, abrangendo os meses de Setembro a Dezembro, e, no presente ano, mantêm-se pendências referentes a Agosto e Outubro.

“Estamos a trabalhar para resolver o problema. Já liquidámos parte dos valores e esperamos pagar o restante até 15 de Novembro, conforme o compromisso assumido com os médicos”, garantiu.

Recorde-se que os médicos concederam uma trégua de 14 dias à direcção do hospital, após negociações mediadas pelo Secretário de Estado na Província.

De acordo com a fonte, 58 médicos ainda não receberam os honorários correspondentes às horas extraordinárias de 2025, enquanto 11 permanecem sem pagamento relativo ao exercício de 2024. O problema, segundo explicou, deve-se a erros administrativos e à insuficiência de verbas.

“O HCN é um hospital de ensino, que acolhe médicos de várias proveniências, incluindo residentes e especialistas em formação. Muitos deles ainda não estão oficialmente integrados na orgânica da instituição, o que dificulta o processamento das suas folhas salariais”, precisou Isidoro.

Apesar das dificuldades, a direcção garante a continuidade dos serviços essenciais.
“Não podemos encerrar as urgências. A nossa preocupação é assegurar que os doentes em estado crítico continuem a ser assistidos, mesmo perante os constrangimentos actuais”, afirmou.

O porta-voz lamentou, contudo, o impacto da falta de recursos humanos e materiais, sublinhando que o hospital opera acima da sua capacidade instalada.
“Temos cerca de 600 camas, mas a taxa de ocupação ultrapassa os 110%. A população cresceu de forma exponencial e o hospital já não consegue responder à procura”, explicou, acrescentando que a superlotação representa riscos acrescidos tanto para os pacientes como para os profissionais, especialmente no controlo das infecções hospitalares.

Além dos atrasos salariais, o HCN enfrenta escassez de material médico, incluindo películas para raio-X, o que obriga a priorizar os casos mais graves e internamentos.

A direcção apela, por isso, à compreensão dos profissionais e da população, assegurando que as negociações permanecem abertas.
“O nosso objectivo é restabelecer a normalidade. Estamos comprometidos com o diálogo e com a melhoria das condições de trabalho no Hospital Central de Nampula”, concluiu Isidoro.

Durante a mesma conferência de imprensa, foi ainda abordado o falecimento de uma parturiente ocorrido no último sábado, na maternidade do hospital. Segundo o porta-voz, as investigações continuam para apurar as causas da morte e permitir a eventual responsabilização dos envolvidos.