A falta de capacidade local de processamento, iodização e empacotamento do sal produzido em Mossuril, na província de Nampula, preocupa os produtores, que acreditam que estas fases de transformação poderiam agregar valor ao produto e, consequentemente, aumentar as receitas resultantes da sua comercialização.
Segundo o representante dos salineiros de Mossuril, Mucussete António, para além do mercado nacional, a introdução desses processos permitiria igualmente a internacionalização do produto.
Os produtores, acrescentou, precisam também de formalizar as suas actividades, através do registo comercial das suas unidades de exploração.
“Precisamos transformar o sal de Mossuril numa marca comercial, conquistando o mercado nacional e internacional. A qualidade do produto fica comprometida pela necessidade de formalizarmos a nossa existência comercial, registarmos as nossas unidades e melhorarmos as técnicas de exploração, processamento e conservação, entre outros aspectos”, destacou António.
O representante falava durante o primeiro Festival Distrital do Sal, realizado este sábado na vila de Mossuril, evento organizado pelo governo local com o objectivo de promover a importância económica da produção de sal e valorizar a região. Na ocasião, lamentou igualmente a falta de incentivos à produção por parte das autoridades.
Por seu turno, o presidente do Conselho Empresarial Provincial (CEP) de Nampula, Shakeel Ahmad, que participou no evento, apelou aos salineiros para continuarem a empreender, participando em exposições comerciais que permitam promover o produto e divulgar as potencialidades económicas do distrito.
“Este festival representa um fórum importante para divulgar o sal e outros produtos, bem como impulsionar a economia local”, salientou Ahmad.
Dados estatísticos indicam que o distrito de Mossuril produz, em média, três milhões de toneladas de sal por ano, índices que podem colocar a região entre os maiores produtores a nível nacional e, possivelmente, internacional.
Para além da exposição das potencialidades económicas do distrito, o festival serviu também para revisitar a história da escravatura. Um grupo de estudantes apresentou uma peça teatral que retratou actividades intensamente vividas durante o período de penetração mercantil portuguesa.
