O surto de diarreias que está a assolar os residentes de Janga 1 e Janga 2, no distrito de Nacala-porto, em Nampula, já provocou a morte de um total de 27 pessoas, de acordo com informação revelada pelas comunidades locais, sendo que o sector da Saúde, Mulher e Acção Social está, ainda, a trabalhar para oficializar o número real de mortos e determinar a origem da doença.
O problema começou na semana passada e já se contabiliza 27 o número de óbitos, sendo a maioria menores de idade. Aliás, especula-se que há uma tendência do aumento do número de casos, por causa da falta de cuidado no manuseamento dos cadáveres no acto de funeral.
Os boatos e desinformação estão a dividir a população e os líderes comunitários, num contexto em que os secretários são alvos de acusações, segundo as quais receberam uma substância estranha para despejar na água de uma fonte tradicional.
Na sequência, as casas dos secretários foram vandalizadas e várias outras propriedades também sofreram vandalização.
O presidente do Conselho Autárquico de Nacala, Raúl Novinte, deslocou-se, esta segunda-feira, àquelas comunidades para interagir com os cidadãos, onde tratou de sensibilizar para a necessidade de se precaver da infecção das diarreias.
De acordo com Novinte, a diarreia é uma doença contagiosa e perigosa, por isso, apelou para tratar a água que é consumida e lavar bem os alimentos, para além de exortar sobre a importância de fazer o uso correcto das latrinas.
Para Novinte, não existem razões para promover agressões físicas contra as autoridades locais, pois a diarreia não se espalha através de substâncias. Ou seja, a diarreia não é trazida por alguém.
O “Wamphula fax” apurou que as autoridades policiais não têm aceitação por parte da população por alegada perseguição e espancamento de supostos protagonistas de agressões contra os secretários.
Porém, Novinte revelou que a missão de um agente da corporação é de que garantir a ordem e a tranquilidade públicas, num exercício que exige a educação ao cidadão para evitar comportamentos ilícitos, reconhecendo que a rebeldia dos munícipes abre espaço para a repreensão.
Por seu turno, os responsáveis do sector da Saúde, Mulher e Acção Social de Nacala só agora é que pretendem apurar as causas que provocaram as diarreias.
O médico-chefe do distrito, Paulino Julião, diz que não foi possível intervir logo no princípio da situação, porque o ambiente não era apropriado.
A nossa fonte mostra-se reservada quanto ao número real de mortos, pois para ter uma informação credível é importante fazer um trabalho de raiz para determinar que, de facto, esses óbitos avançados correspondem a realidade.
Referiu, ainda, que foram colhidas as amostras e enviadas ao laboratório provincial para apurar se, efectivamente, trata-se de cólera ou não. E caso seja confirmada a cólera, a instituição vai criar um centro de tratamento a partir das referidas comunidades no sentido de não permitir a deslocação de doentes para outras regiões do distrito.
