A Polícia da República de Moçambique (PRM), em Nampula, disse ontem aos jornalistas que através de suas linhas operativas, ficou a saber que a marcha que se pretendia realizar na cidade capital provincial, em homenagem ao músico Azagaia, que perdeu a vida recentemente, iria desaguar em violência, por isso agiu para evitar o cenário.
Segundo o porta-voz da PRM, no comando provincial da corporação, Zacarias Nacute, a detenção dos cidadãos, por terem liderado a marcha, foi feita à base da lei e sobre o desaparecimento e tortura do cidadão Gamito dos Santos, um dos líderes da marcha, Nacute apenas respondeu que a corporação não vai tolerar actos de vandalismo e desestabilização.
“A polícia sensibilizou-os e não tendo acatado a sensibilização, não houve outra acção, se não encaminhar as pessoas às unidades policiais, para que não afetassem as outras pessoas”, disse Nacute.
No entanto, o jovem Gamito conta que foi “sequestrado” pela polícia, por volta das 13 horas de sábado, num restaurante localizado em frente a um estabelecimento hoteleiro, tendo sido levado ao Comando Provincial, onde foi despojado dos seus bens e de seguida foram vendados os olhos, amarrado a boca e as mãos tendo sido, posteriormente, torturado em local que desconhece.
Já ontem, a nossa reportagem, encontrou a vítima na 1ᵃ esquadra, vestido de capulana e quando o perguntamos as razões de ter estado lá, disse-nos que estava à espera de levar os seus bens, como telefones e outros.
Lembre-se que a PRM, já tinha referido na sexta-feira passada, que os fãs e amigos do malogrado músico Azagaia, não deviam percorrer a avenida Eduardo Mondlane, durante a marcha de homenagem aos artistas, alegadamente porque podiam oferecer perigo a integridade da residência oficial do governador provincial de Nampula, Manuel Rodrigues.
A marcha tinha como ponto de partida a avenida Eduardo Mondlane, em frente à escola secundária de Nampula, passando pela rua Mártires de Mueda, avenida Samora Machel, praça da liberdade, rua dos Continuadores, rua Dar-És-Salam para desaguar no Parque Popular.
A nossa reportagem apurou de fontes seguras que a Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Mocambique está a assistir Gamito e ao que se sabe foi aberto ontem, na 1a esquadra da PRM em Nampula uma queixa crime, em que o ofendido é aquele cidadão e os queixados são os agentes da policia especial e seu comandante que torturaram aquele jovem.