O Presidente do Partido Podemos, Albino Forquilha, encerrou a sua visita à província de Nampula com um discurso de balanço globalmente positivo. Contudo, as declarações do dirigente deixaram transparecer a realidade de um partido ainda distante da autossuficiência financeira, vivendo da boa vontade de membros e simpatizantes.
Ao longo da deslocação, Forquilha salientou a conclusão do processo de estruturação deliberativa em Nampula, que incluiu a eleição dos representantes do Conselho Provincial e das organizações sociais do partido.
Realçou igualmente a importância de agradecer à população pela confiança demonstrada nas últimas eleições, que garantiu ao Podemos 11 assentos na Assembleia da República e 23 na Assembleia Provincial ao nível de Nampula.
“O Podemos é uma escola. Queremos formar membros conscientes, capazes de levar as nossas missões em frente”, declarou, sublinhando também a necessidade de expandir a organização ao nível distrital.
Não obstante o tom optimista, Forquilha não escondeu os desafios que o partido enfrenta. Reconheceu que o maior entrave é a escassez de recursos financeiros, uma situação que, segundo o próprio, resulta da fraca empregabilidade da juventude – principal base de apoio do Podemos – e da dependência de contribuições voluntárias.
“O partido não é uma empresa. Depende da contribuição dos membros. Muitos jovens que nos apoiam não têm emprego e, por isso, têm pouca capacidade de contribuir”, admitiu.
Em Angoche, a sede distrital mantém-se graças à doação de um deputado, exemplo que, de acordo com Forquilha, se repete em várias zonas do país. O dirigente anunciou ainda a intenção de investir em sedes e pequenos projectos que possam garantir alguma sustentabilidade, embora tenha admitido que este objectivo está ainda distante de ser concretizado.
Assim, a visita, que deveria consolidar a imagem de um Podemos em crescimento, acabou por expor as fragilidades estruturais e financeiras do partido.
Ainda assim, Forquilha defendeu que o surgimento de novas forças políticas, como o recentemente aprovado Partido Anamola, não constitui uma ameaça, mas antes um reforço para o espaço democrático. “O que apelamos é que todos os partidos sejam conscientes e contribuam para a harmonia no país”, afirmou.
Embora o balanço oficial aponte para “um processo cumprido”, a realidade mostra que o Podemos permanece dependente de apoios individuais e continua sem um modelo de financiamento sólido. O partido, que se apresenta como “escola de formação política”, enfrenta, por conseguinte, o dilema de crescer sem dispor dos meios necessários para sustentar a sua própria estrutura.