Está cada vez mais caro usar o “Chapa cem” na cidade de Nampula

Está cada vez mais caro usar o “Chapa cem” na cidade de Nampula

O encurtamento de rotas dos transportes semi-colectivos urbanos, aos poucos está sendo “oficializada”, na cidade de Nampula, por parte dos transportadores, sob olhar cúmplice das autoridades municipais.

O fenómeno, não novo, mas que conheceu os seus contornos alarmantes, depois do “engavetamento” da proposta de reajuste de tarifas de transportes, solicitada pela ASTRA no ano passado, está a afectar negativamente aos munícipes, pois encarece os serviços.

O cenário é visível em todos os troços e é mais notório nas horas de grande procura dos serviços de transporte – durante o período da manhã e ao entardecer. Estranhamente, mesmo sendo do conhecimento das autoridades municipais, nunca há fiscalização.

Para mitigar o problema, alguns munícipes, que falaram ao nosso jornal, sugerem a realização de fiscalização rotineira, nas zonas da Sipal, ponto intermediário fixado a revelia pelos transportadores.

Miguel Afonso, residente no bairro de Murrapaniua, contou que para chegar ao seu posto de trabalho, no centro da cidade, é obrigado a usar duas viaturas de transporte semi colectivo de passageiros, num único sentido da rota.

“Quando saio de casa, apanho o chapa que me deixa na zona da Sipal, e daí sou obrigado a tomar um outro chapa, para chegar ao bairro de Muahivire, onde trabalho. Assim sendo gasto o dobro do valor do chapa, ou seja, sou obrigado a gastar 20 meticais numa única rota, contra 10 Meticais que devia pagar”, explicou Afonso.

Uma interlocutora, identificada por Anifa Cassiano, residente no bairro de Mutauanha, lamentou a alegada fraca fiscalização das autoridades competentes, para controlar o fenómeno de encurtamento de rotas, que, segundo ela, tem estado a sufocar o bolso do cidadão.

“Todos os dias temos que ter 40 Meticais para tomar transporte de ida e volta, por causa de encurtamento de rota, enquanto devíamos gastar apenas 20 Meticais. Veja quanto gastamos por mês” – lamentou questionando Cassiano. 

Entretanto, os transportadores justificam que o encurtamento de rotas se deve ao elevado custo de combustível e degradação de vias de acesso, que contribuem para a rápida danificação dos acessórios das viaturas.

Por sua vez, a Associação dos Transportadores Rodoviários de Nampula (ASTRA), através do respectivo presidente, Luís Vasconcelos, que reconhece fenómeno, justificou a insustentabilidade da actividade, devido ao aumento de combustíveis, e o péssimo estado das estradas ao nível da cidade de Nampula.

 Aliado a isso, muitos automobilistas são demitidos pelos patronatos, por alegado incumprimento da arrecadação da receita diária.

Vasconcelos reiterou, na ocasião, estar a aguardar o documento da proposta de reajuste da nova tarifa do preço de transporte semicoletivo de passageiros, submetida à Assembleia Municipal no mês de Novembro de 2021.

No referido documento, a ASTRA propõe o reajuste de 15 Meticais o valor da tarifa do transporte, contra os actuais de 10 Meticais, com vista a compensar o custo de transporte e acessórios.

O nosso jornal tentou, sem sucesso, contactar o pelouro da Polícia Municipal e Fiscalização, com vista a apurar os trabalhos em curso para combater e encurtamento na cidade de Nampula.