Castanha de caju: actores procuram dinamizar a cadeia de valor

Castanha de caju: actores procuram dinamizar a cadeia de valor

Os actores da cadeia de valor da castanha de caju desejam dinamizar a produção, a comercialização, o processamento e a exportação daquela que representa uma das maiores culturas de rendimento de Moçambique na actualidade.

Para o efeito, os produtores primários, comerciais, associação de produtores, cooperativas e outros intervenientes reuniram na cidade de Nampula para colher consensos, que devem ser adoptados, para permitir o crescimento da economia nos próximos anos.

Trata-se da primeira reunião nacional de concertação dos actores da cadeia de valor do caju em Moçambique, um evento que acontece numa altura em que o parlamento moçambicano acabou de aprovar a lei do caju, que, neste momento, está em processo de promulgação por parte do Presidente da República.

No entanto, Julina Harculete, representante da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nampula (ACIANA), expressou a sua ansiedade quanto a materialização da promulgação, pois entende que reforça a importância do caju para o país, que necessita de ser impulsionado, através do fortalecimento da produção e do processamento.

Para Harculete, há necessidade de a cadeia de valor ser levada muito a sério, porque maior parte da população sobrevive na base dos rendimentos obtidos a partir da castanha de caju.

O director-geral do Instituto de Amêndoas de Moçambique, Ilídio Bata, explicou que a nova legislação do caju revoga a lei número 13/99, de 1 de Novembro, por se mostrar desajustada ao contexto actual.

Os produtores de caju de Nampula recordaram que a chamada capital do norte está na linha da frente no que diz respeito a produção e comercialização do caju, uma cultura de rendimento que sustenta a economia rural.

Os actores defendem a realização de acções que promovem o plantio de variedades melhoradas de cajueiros, no sentido de levar a cabo a substituição de árvores que já não estão a produzir, ainda que sejam feitas campanhas de maneio integral e o controlo de pragas.

De acordo com o presidente dos produtores da castanha de caju de Nampula, Zacarias Manuel, as famílias camponesas sentem-se desmoralizadas quando, apesar de todos os esforços visando melhorar a produção, há a introdução de preços baixos, pois não cobrem os custos de produção. Para além de que os produtores enfrentam dificuldades de acesso ao financiamento, a degradação das vias de acesso e a falta de infra-estruturas não apresentam condições favoráveis para o incentivo.

“Os preços baixos não cobrem os custos de produção, o acesso ao financiamento para as actividades agrícolas é deficitário, a degradação das vias de acesso para o escoamento da produção. Incluindo notamos a falta de infra-estruturas para o armazenamento de maiores volumes”, acrescentou.

O governador de Nampula, Manuel Rodrigues Alberto, disse que a cultura do caju é uma das principais fontes de renda da população esta região, pois ela é praticada em 19 distritos dos 23 existentes.

As estatísticas mostram que, em Nampula, há o envolvimento de 300 mil produtores, o que tem estado a contribuir para o aumento dos volumes de comercialização. Por exemplo, em 2021, a província comercializou 67.380 toneladas contra 77 mil toneladas da castanha de caju no período de 2022/2023.

“A informação encoraja-nos a continuar a reafirmarmo-nos no panorama nacional. Neste momento, existem 37 empresas, entre processadoras, 13 fábricas e 4 fabriquetas, para além de 20 exportadoras”, acrescentou.

Por seu turno, o Secretário de Estado na província de Nampula, Jaime Neto, afirmou que o volume da comercialização está a crescer, mas os gestores das unidades industriais mostram-se incapazes de absorver toda a matéria-prima, afectando a tesouraria das empresas e a redução da capacidade de financiamento, no sentido de dinamizar a expansão e o processamento.