O Conselho Municipal da Cidade de Nampula decidiu entregar, na última sexta-feira, à revelia, ou seja, sem anuência das autoridades de educação do Distrito de Nampula, as 200 carteiras escolares, que estavam acondicionados nos armazéns da edilidade desde o pretérito ano de 2021.
De acordo com o presidente desta autarquia, Paulo Vahanle, a edilidade gastou 1,3 milhão de meticais, para a produção daquele material escolar, que tanto faz falta nas escolas públicas, mas a Direcção Distrital de Educação de Nampula, sempre se recusou a receber as carteiras, por razões ainda desconhecidas.
Segundo soube a nossa reportagem, em causa estava o aproveitamento politico do acto, pois o sector de educação não queria que fosse a edilidade a entregar as carteiras as escolas, e o autarca sempre quis que fosse o município a fazer a entrega, em coordenação com o sector da educação.
Para Paulo Vahanle, não faz nenhum sentido o sector de educação tentar usurpar-se das carteiras, pois, em termos legais, as autarquias locais tem a responsabilidade de gerir os serviços básicos como educação, saúde, água e electricidade.
“Eles queriam que eu levasse as carteiras à direcção distrital de educação, mas eu, como edil, comprometi-me com os munícipes desta cidade. Aliás, essas instituições, segundo a lei, deveriam se subordinar ao edil de Nampula, mas eles acham que devem estar a margem da Lei, que orienta que a educação primária, cuidados primários de saúde, água e energia devem ser geridos pelos municípios” – disse Vahanle.
Na entrega das carteiras, foi notório o desinteresse do corpo directivo das escolas, assim como dos professores. Na Escola Primária de Napacala, no bairro de Mutava Rex, quando a comitiva do município chegou, o director estava ausente e os professores estavam nas salas a darem aulas, como se nada estivesse por acontecer.
Entretanto, foram os populares que receberam as carteiras e ficaram na responsabilidade do líder comunitário daquela zona.
“Vamos deixar essas certeiras com o cabo. Amanhã ele deve apresentar a direcção da escola, e eles vão decidir, que destino devem dar este material, se querem destruir, queimar ou entregar aos alunos, que tanto precisam. Mas o município já fez a sua parte” disse Vahanle.
Valentim Pacero, líder comunitário que recebeu as carteiras, mostrou-se satisfeito, mesmo sem ter a autorização da direcção da escola.
“Estou muito agradecido em nome da população. Amanhã virei falar com a direcção da escola para apresentar as carteiras e eles devem aceitar, porque os nossos alunos precisam” disse o líder comunitário.
Na EP1 de Mucuache, as portas estavam totalmente fechadas, e a recepção foi feita pela população, que reside nas proximidades da escola, incluindo o Presidente do Conselho da Escola, Bernardo Fabião.