Nampula está a viver uma verdadeira crise de água potável, embora a Administração Regional de Águas do Norte (ARA-Norte), nesta cidade, ainda não tenha anunciado as habituais restrições anuais no fornecimento deste precioso líquido.
Por causa disso, os munícipes sempre recorrem aos poços a céu aberto para ter acesso à água, pois, na maioria dos bairros desta urbe, a água não tem sido distribuída com a devida regularidade, existindo, aliás, bairros onde a água não sai há dois meses, embora as facturas não param de chegar.
A nossa reportagem conversou com alguns munícipes, que lamentam da situação e pedem uma intervenção de quem de direito para solucionar o problema de abastecimento de água nos bairros desta cidade.
“Estamos numa zona em que precisamos de vários furos, para abastecer grande número da população desta região, que sempre tem consumido água imprópria. Os residentes usam poços tradicionais para consumo, lavagem da roupa e fazer outras actividades, mesmo sabendo dos riscos de contrair doenças” – disse Joaquim Alferes, residente na zona da Mutava-rex, bairro de Namutequiliua
O nosso interlocutor afirma que existe uma necessidade de solução conjunta deste problema, envolvendo o Conselho Municipal e outros actores, que velam nesta componente de abastecimento de água na nossa cidade.
No bairro de Natikiri, alguns moradores acreditam que é desvantajoso ter uma torneira no quintal, pois paga-se facturas todos os meses e a água nunca jorra nas torneiras.
“Tem vezes que ficámos meses sem água. A parte que mais nos preocupa são as das facturas. Veja só que, é normal a água sair uma vez só durante um período de um mês. A empresa Águas do Norte (AdRN) traz facturas de mais de 3 mil meticais, por mês. Minha dívida está em mais de 19 mil meticais e não vou pagar, e eles podem vir cortar”, contou a fonte.
Já no bairro de Marrere, Décio Tembe, disse que a AdRN fornece água de dois em dois meses.
“Nós como moradores do bairro, temos que recorrer aos vizinhos que tem furos de água”, contou Tembe.
Ontem, o director da ARA-NORTE, Carlitos Omar, prometeu que iria se pronunciar sobre a possível restrição do fornecimento de água na cidade de Nampula, mas até ao fecho desta edição ainda não havia nenhuma reação.
