Consumo de drogas ganha espaço nas escolas em Nampula

Consumo de drogas ganha espaço nas escolas em Nampula

O consumo ou uso de drogas nas escolas da província de Nampula tem estado a ganhar cada vez mais espaço, com cenários reais e desagradáveis, apesar dos esforços das autoridades para inverter este cenário.

Momade Abubacar, director adjunto pedagógico da Escola Secundária de Nampula, uma das afectadas pelo problema de consumo de droga, disse que a situação decorre do facto de aquele estabelecimento de ensino não dispor de seguranças e de capacidade de ter maior controlo maior sobre os alunos.

Com efeito, segundo apuramos, um dos estudantes que se identificou pelo único nome de Hilário, a escola precisa fazer muito mais no quadro de controle interno.

“Se, por um lado, o aluno vem identificado pelo uniforme, temos casos daqueles que aparecem com roupa de educação física, enquanto não são estudantes do nosso estabelecimento de ensino, e introduzem-se no recinto escolar, trazendo consigo drogas. Aliás, sabemos que já se mistura às drogas nas badjias, chamussas e outros alimentos, para não falar nas bebidas onde é frequente”, disse Hilário.

Ele contou que já houve cenários em que os professores deste estabelecimento de ensino, já depararam com alunos a entrar na sala de aulas sob efeito de drogas e até casos de agressão mútua entre docente e estudante. 

“Eles apresentavam três cenários, um grupo no silêncio, outro a dormir e outro a rir de forma estranha e provocante. Os professores ficaram sem saber o que estava a acontecer, mas quando investigaram os alunos, eles assumiram   que tinham consumido uma droga denominada por Cubá”, acrescentou Hilário.

O diretor-adjunto da escola Secundária 12 de Outubro, Adelino Hilário, também contou que o seu estabelecimento de ensino já teve vários casos de estudantes, encontrados com indícios claros de consumo de drogas e que alguns deles acabaram sendo levados à polícia.

“Eu, pessoalmente, já apanhei estudantes a consumirem bebidas alcoólicas, durante o intervalo, nos balneários da escola”, contou Hilário.

Hilário, a par do seu colega da secundária de Nampula, sugeriu o aumento de controlo e segurança nas escolas, como alternativa para mitigar casos de género.

A ponto focal provincial de prevenção e combate à droga nas escolas, junto a direcção provincial da educação, em Nampula, Brigida Nhantumbo, contou que o seu sector tem estado a trabalhar, com vista a desativação de barracas de venda de bebidas alcoólicas, próximas das escolas, mas que não tem sido bem sucedido.

“Na escola Secundária de Namicopo, por exemplo, tem lá umas barracas próximas da escola, que vendem bebidas alcoólicas, mas quando falamos com a direcção da escola para ver se podiam persuadir os donos a fecharem, a resposta foi que eles foram autorizados pelo Conselho Municipal”, contou Nhatumbo.

Para o psicólogo clínico, no hospital psiquiátrico de Nampula, Paulino Luciano, é preciso que a sociedade ataque o mal pela raiz, incutindo as crianças desde cedo os valores morais, explicação dos malefícios da droga e álcool, entre outras coisas boas.

“É preciso que os pais e encarregados de educação tenham o hábito de  vigiar e de visitar os seus  filhos, mas também há uma questão que não depende da educação, mas sim estrutural do nosso país. Nós sabemos que a nossa costa é vulnerável e os narcotraficantes usam-na para trazer a droga”, concluiu Luciano.