A apreciação da moeda nacional, o Metical, em relação ao Dólar norte Americano, usado para as trocas comerciais à escala mundial, poderá afectar o preço de venda de produtos agrários produzidos em Moçambique, no mercado internacional.
A convicção é do Ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, e foi exteriorizada em Nampula, aquando da sua recente visita de trabalho à província, para aferir o curso da campanha agrícola 2020/2021.
Segundo avançou, a última actualização do Banco de Moçambique(BM), indicou que o metical havia se valorizado em 17%.
De acordo com Correia, trata-se de um cenário que beneficia os importadores e pode gerar prejuízos aos exportadores.
“Porque a estabilidade cambial é determinante para os que produzem, isso significa que a oscilação da moeda poderá provocar alguma instabilidade”-frisou Correia para mais adiante esclarecer que “quando começou a campanha agrícola, tínhamos uma perspectiva cambial, mas a oscilação do câmbio obriga-nos a reestruturar as projecções”- acrescentou Correia.
Referiu que, o investimento realizado na aquisição dos insumos agrícolas, foi na base de câmbio de 70 Meticais/por dólar Americano, porém no decurso da campanha nota-se uma apreciação da moeda nacional em relação a norte Americana.
Segundo ele, se o cenário se mantiver, o sector da Agricultura e Desenvolvimento Rural espera registar perdas na ordem de 20%, ou seja, se, por exemplo, um volume de exportação custava 2 milhões de dólares por cada tonelada, com a apreciação do Metical, a operação se cotará em 1.6 milhão de dólar.
“Não estamos a questionar o trabalho do Banco de Moçambique, uma instituição autónoma, pois sabemos que teve os seus fundamentos. O que nos preocupa é o facto de estarmos há uma semana de início do processo de colheita e se isso prevalecer, poderemos ter impactos negativos” – explicou Correia.
Indicou que o preço de compra do algodão na presente campanha agrária foi fixado em 28 Meticais, mas face a apreciação do Metical, o preço poderá chegar aos 24 Meticais.
“A desvalorização do dólar coloca-nos no desafio de, mais uma vez, discutir a questão de subsídios, mas isso não é fundamental. Queremos uma moeda forte e estável que permite compreender a situação que o país atravessa, pois é positivo para alguns e para os outros haverá a necessidade de adaptação a essa realidade”-ajuntou o governante.
