Nampula numa das piores crises de água

Nampula numa das piores crises de água

A cidade de Nampula está a viver, sensivelmente desde finais de Outubro passado, com um agravamento sem precedentes nos últimos sete dias, uma das piores crises de água, que afecta praticamente toda a população, com a excepção daqueles que possuem poços ou furos privados, deste precioso liquido e que não dependem por isso da rede pública.

Quando nos finais de Outubro foi anunciado que os níveis de encaixe, da barragem que fornece agua a cidade, estavam em cerca de 33 por cento e que se iria reduzir a distribuição diária dos habituais 40 mil metros cúbicos diários para cerca de metade, tudo foi suavizado com a expectativa de que em Dezembro passado, a chuva iria cair regularmente e a solução estava a vista.

Contudo, cerca de dois meses depois, a chuva não esta a cair e ao longo da semana passada, a Ara centro norte e o FIPAG, chamaram a imprensa para mostrar o quão dramático é o cenário na barragem e as dificuldades para prover água aos mais de 700 mil habitantes, da maior cidade do norte do país.

Os reflexos deste anúncio foram severamente notórios nas festas do Natal e sobretudo do final do ano porque, a água deixou de ser bombeada e existem zonas da cidade que estão há mais de sete dias sem que a água jorre nas torneiras.

Mesmo para aqueles cidadãos com reservatórios em suas casas a situação ficou complicada e ao longo do fim-de-semana passado, a crise atingiu o pico, com viaturas, motorizadas e pessoas portando tanques, baldes e bidons a procura de um pouco de água, para satisfazer as suas necessidades.

Sem medir esforços homens, mulheres e crianças deambulavam a procura de pequenos poços ou furos privados para conseguir alguma quantidade deste liquido mesmo que a troco de pagamento de valores insuportáveis, como por exemplo 100 meticais por um bidão de 20 litros ou 2000 meticais por 1000 litros.

A situação é tão critica que os que ostentam maiores posses financeiras “açambarcaram” as garrafas de agua purificada de 20 litros, normalmente vendidas em mercados, mas os menos favorecidos só tiveram que optar por charcos e até sistemas de drenagem de agua negras, para se abastecer de agua impropria para consumo e uso humano.

Esta situação surge numa altura em que a prevenção da pandemia do coronavírus tem como uma das medidas o uso da água para a higiene pessoal e colectiva, ao mesmo tempo que, mesmo sem estar a chover se prevê a eclosão de doenças hídricas.

Enquanto a ara-centro norte se mostra expectante com o arranque da época chuvosa a qualquer momento, o FIPAG anunciou algumas medidas para minimizar a crise nos bairros como é o caso da abertura de furos, no entanto sem o sucesso desejado.

No estágio em que a barragem se encontra e caso não chova com alguma intensidade nos próximos 20 dias, receia-se mesmo que a cidade entre numa catástrofe originada pela falta de água potável.