Os países membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, contam desde ontem, segunda feira, com um Centro de Operações Humanitárias e de Emergência (COHE), instalado no distrito de Nacala-porto, na província de Nampula.
Inaugurado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi. o objectivo do Centro é de coordenar as actividades de recuperação rápida e desmobilização das equipas técnicas, em face da ocorrência de ciclones, cheias, secas e outro tipo de eventos extremos.
Discursando durante o acto, que foi, igualmente, testemunhado pelo Presidente da República do Botswana e da Troika, Mokgweetsi Masisi, Nyusi disse que a actual presidência da SADC acontece num período de adversidades sem precedentes, por causa dos efeitos devastadores das mudanças climáticas, que ocorrem sob forma de ciclones, cheias, secas, a pandemia da Covid-19, os ataques hediondos e cobardes protagonizado pelos terroristas em alguns distritos de Cabo Delgado, entre outros.
Segundo Nyusi, quando o nosso país assumiu, em Agosto de 2020, a presidência rotativa da SADC, estava ciente dos enormes desafios que lhe esperavam. Por conta disso, adoptou o lema “SADC: 40 anos construindo a paz e segurança, promovendo o desenvolvimento e resiliência face aos desafios globais”.
Para Nyusi, a inauguração do COHE é uma resposta concreta aos desafios decorrentes das mudanças climáticas e ao desígnio de prosseguir com a implementação de uma agenda orientada para os resultados.
De acordo com o estadista, a magnitude do impacto humanitário das crises que se registaram durante a presidência de Moçambique, exigiu fazer alinhamento das prioridades decorrentes das políticas externas com a acção interna, com vista a conter as perdas resultantes dos eventos climáticos e os recentes impactos da pandemia.
Por isso, o imperativo de procura de soluções reais tornou-se um elemento essencial para a segurança nacional, para além de que o interesse de acolher o COHE foi definido como uma decisão urgente.
As estatísticas indicam que, o país perdeu durante as últimas décadas cerca de 150 milhões de dólares norte-americanos, devido aos efeitos das mudanças climáticas, facto que levou as autoridades a definirem o pré-aviso e a intervenção durante e pós-calamidades como prioridade.
O ciclone tropical Idai, registado em 2019, foi classificado como a pior tempestade tropical que há na memoria dos países da SADC.
O fenómeno afectou três estados membros da SADC, nomedamente Malawi, Moçambique e Zimbabwe, provocando 800 mortes e ferimento de outras 2.500 pessoas, de um universo de 3 milhões de pessoas afectadas, destruiu cerca de 3 mil salas de aulas e prejudicou mais de 300 mil alunos, para além de mais de 54 unidades sanitárias e 788.822 hectares de terra cultivada e centenas de gados perdidos, facto que agravou a crise alimentar no seio da população.
Na verdade, de acordo o Presidente da República, as mudanças estruturais exigem, “se quisermos estar preparados para os futuros eventos climáticos, uma preparação efectiva. A sobrevivência colectiva das nações dependerá da mobilização rápida e coordenada de intervenções e de ferramentas de sensibilização a fim de reforçar a resiliência das comunidades”-referiu.
Explicou que a escolha de Nacala-porto para acolher os escritórios do COHE, deve-se ao facto de a região reunir as condições necessárias, desde a localização numa zona alta e não propensa a cheias, a disponibilidade de infra-estruturas aeroportuárias, porto internacional de águas profundas, para atracagem de navios de grande calado sem precisar de dragagem. Ou seja, Nacala localiza-se numa área em franca expansão e com múltiplas vantagens de turismo e capacidade para albergar, com segurança e comodidade, aos técnicos que forem destacados para o exercício das suas funções.
Por seu turno, o Presidente da República do Botswana e presidente da Troika, Mokgwetsi Masisi, apelou aos estados membros da SADC, no sentido de abraçarem a iniciativa que se identifica com toda a região.
