Foi retomada ontem, Domingo, a circulação de comboios mistos, de passageiros e de carga, na rota entre as cidades de Nacala e Nampula, depois de uma paralisação de mais quase 30 anos, sendo que nesta fase inicial as viagens serão feitas quatro vezes por semana, nos dois sentidos.
O bilhete de passagem neste troço foi fixado em 170 meticais, quase a metade do que é pago no transporte rodoviário pois os chapas estão a cobrar 350 meticais pelo percurso de aproximadamente 200 quilómetros.
O Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, que reinaugurou o comboio de passageiros na estação de Muchilipo, na cidade portuária de Nacala, indicou que o governo vai subsidiar em mais de 80 por cento, a viabilização da retoma da circulação de comboio de passageiros nesta rota.
Magala diz que o comboio vai proporcionar uma alternativa fiável, de mobilidade regular e segura de pessoas a custos relativamente baixos, facto que, na sua óptica, poderá refletir-se na redução do preço final ao consumidor dos produtos transportados ao longo desta via ferroviária.
A regularidade e eficiência que caracteriza o transporte ferroviário, vai facilitar o escoamento de produtos pesqueiros frescos capturados na baía de Nacala, Nacala-à-Velha, Memba e Matibane, melhorando assim a renda dos pescadores destes locais, podendo reduzir o custo dos mariscos, consumidos na cidade de Nampula e outros mercados da zona.
Ao sector privado, o governante lançou o desafio de encontrar melhor forma de explorar este meio de transporte para a viabilização de diversas iniciativas, que demandam os serviços logísticos, sendo expetativa que a retoma do comboio Nacala-Nampula, possa trazer mais investimentos e oportunidade ao longo do corredor por onde passa a ferrovia.
“Este momento é histórico para todos nós. Ele marca o renascimento de esperança que milhares de moçambicanos, que vivem e trabalham ao longo do Corredor de Nacala. Com o reinício do comboio de passageiros, entre Nacala e Nampula, a estação ferroviária de Monapo reassume o seu papel de ponto de convergência de turistas que afluem a Ilha de Moçambique, praias de Mossuril, entre outros locais de interesse da província de Nampula”, disse Magala.
Actualmente, o transporte ferroviário de passageiros acontece entre as cidades de Nampula e Cuamba, no Niassa, onde se liga depois a Lichinga e Entre Lagos, sendo que neste troço, o número de passageiros conheceu um aumento ao passar dos anteriores 320 mil, no ano de 2021, para 480 mil no ano passado, incluindo o aumento do volume de carga geral de uma média mensal de 40 mil toneladas, para 70 mil toneladas.
“O volume de carvão mineral manuseado no corredor de Nacala, cresceu de 900 mil toneladas para 1.3 milhões de toneladas por mês, ou seja, de 11 milhões de toneladas para 16 milhões de toneladas por ano, com tendência de crescer cada vez mais”, sublinhou Magala, deixando um apelo ao operador do transporte ferroviário, no sentido de assegurar regularmente o conforto e segurança dos serviços a serem prestados a toda população.
O Director Executivo (CEO) da Nacala Logistics, Abhay Mishra, empresa concessionária do Corredor Ferroviário de Nacala, indicou que a retoma da circulação deste comboio, irá permitir o transporte seguro e confortável de passageiros entre as duas cidades.
“Mais do que as pessoas poderem se deslocar entre Nacala e Nampula, irá permitir também a ligação para outras localidades já operadas, nomeadamente Nampula-Cuamba, Cuamba-Lichinga, Cuamba-Entre Lagos, e mesmo ao interior do Malawi”, disse Abhay.
A expectativa é permitir, ainda este ano, aumentar a marca dos 500 mil passageiros a serem transportados.
“Mais de 69 mil toneladas de carga foram transportadas no mês de Agosto pela primeira vez também na nossa história”, revelou Abhay.
