Manifestações: enquanto a polícia prende tribunais soltam 

Manifestações: enquanto a polícia prende tribunais soltam 

O número de manifestantes que foram detidos pela Polícia da República de Moçambique (PRM), em toda província de Nampula, desde o início da contestação dos resultados eleitorais, ultrapassa a uma centena de pessoas, mas praticamente todos têm sido absolvidos e soltos pelos tribunais judiciais de cidade e de distrito, por falta de provas dos crimes que lhes são imputados. 

Depois de vários outros terem procedido da mesma forma, na sexta-feira passada, foi o Tribunal Judicial do distrito de Meconta, que ordenou no posto administrativo de Namialo, a soltura dos 14 manifestantes que haviam sido detidos na semana passada pelo alegado envolvimento nas manifestações que se transformaram em violentas.

“Durante o julgamento, a defesa dos arguidos apontou a ausência de provas para além de que o mesmo entendimento foi notório por parte do ministério público e do tribunal”, disse o vice-presidente da Ordem dos Advogados de Moçambique, (OAM) em Nampula, Plínio Mabombo.

Os autos que têm sido remetidos aos tribunais para julgamento, sem estar acompanhados se quer de qualquer indício dos arguidos terem cometido qualquer crime que fosse.

“Tratava-se de pessoas que estavam a deslocar-se de um distrito para o outro, bem como os que trabalham em Namialo e outros que estavam somente a filmar os tumultos durante a greve de sábado antepassado, daí que não houve qualquer crime”, afirmou Mabombo.

A OM reitera o seu comprometimento em servir ao cidadão, no entanto, repudia actos de vandalismo atentatórios à segurança pública, destruição de bens e outros males.

Já a Polícia da República de Moçambique (PRM) deteve na quinta-feira da semana passada, catorze indivíduos, na cidade de Nampula e distrito de Lalaua, indiciados de serem os líderes das manifestações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane.

Segundo consta no informe da corporação, dos catorze detidos, onze foram neutralizados na cidade de Nampula e os restantes três no distrito de Lalaua.

A PRM revela a vandalização de sede do partido Frelimo e queima de um alpendre, pertencente a uma rainha, no distrito de Mecuburi.

Para o caso de Lalaua, a corporação fez saber que os manifestantes, supostamente, tentaram vandalizar a Escola Secundária da vila sede do distrito, depois de terem queimado pneus, mas graças a pronta intervenção da polícia, tal não foi possível.

A Porta-voz do Comando Provincial da PRM, em Nampula, Rosa Chauque, que deu essas informações, falava sexta-feira em conferência de imprensa, no contexto do rescaldo das ocorrências registadas no passado dia 7 do mês corrente.