Subiu para sete o número de mortes por cólera em Mogovolas

Subiu para sete o número de mortes por cólera em Mogovolas

Subiu para sete o número de vítimas mortais da cólera, que tem afectado a vila de Nametil, sede do distrito de Mogovolas, no sul da província de Nampula, segundo os dados avançados este sábado pelo delegado do Instituto Nacional de Saúde (INS), Américo Barata.

Barata, que falava no âmbito do encontro do comité operativo de emergência (COE), presidido pelo ministro da Saúde, Armindo Tiago, cujo objectivo foi avaliar a situação epidemiológica em relação à cólera no distrito de Mogovolas, explicou que, das sete vítimas mortais, quatro faleceram no centro de tratamento da doença e as outras três na comunidade.

Segundo Barata, devido ao problema de desinformação sobre a origem da doença, as autoridades responsáveis pelo sector da saúde enfrentam dificuldades no tratamento e controlo da doença.

“Existem pessoas que alegam que a cólera está a ser propagada pelo sector da saúde, com o apoio dos seus profissionais e da liderança comunitária, o que gerou um clima de medo tanto entre os doentes, que não procuram tratamento, como entre os líderes, que receiam passar a mensagem de mobilização para as suas comunidades, sobre a importância da higiene pessoal e colectiva e outras medidas básicas de prevenção”, explicou Barata.

Devido a este clima de desinformação, um grupo de 50 pessoas invadiu e vandalizou, na noite de quinta-feira, parte do centro de tratamento da cólera, destruindo baldes e outros utensílios usados no processo de tratamento, nas instalações da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que tem prestado apoio multiforme ao setor da saúde no combate à doença. O grupo acusou a MSF de ser “financiadora” do processo de propagação da cólera, o que levou à retirada do seu pessoal da vila de Nametil.

Segundo o relatório apresentado na reunião do COE, a vila de Nametil enfrenta sérios problemas de saneamento. Das 1.236 casas visitadas pelas equipas de saúde, apenas 303 têm latrinas, o que, segundo Barata, contribui para a contaminação das águas. De um total de 40 amostras de água recolhidas em fontes de abastecimento, 11 revelaram que a água era imprópria para consumo humano.

Face a esta situação, o INS considera urgente o reforço das ações de controlo da desinformação, para garantir o envolvimento de todos os intervenientes no processo de controlo e combate à doença, melhorar a comunicação e educação para a saúde, fornecer água potável de forma contínua, reforçar as condições de segurança nas instalações e para o pessoal de saúde, promover a construção de latrinas melhoradas, entre outras medidas.

Em comentário, o ministro da Saúde, Armindo Tiago, destacou a necessidade de envolver todos os atores no combate à doença. Apelou também para que tudo fosse feito no sentido de evitar que a cólera se propagasse para os outros distritos vizinhos de Mogovolas.

O ministro reconheceu ser importante atacar o problema da contaminação da água, agravado pela inoperância do sistema de abastecimento, devido à avaria do equipamento de captação, e pediu às entidades competentes para resolverem o problema o mais rapidamente possível.

“Hoje em dia, com a globalização, é possível transportar a cólera de um ponto para outro. O nosso objetivo principal não é propagar a cólera, mas eliminá-la”, sublinhou Tiago.

De referir que a cólera é uma doença extremamente letal, causada pelo vibrião colérico, com incubação e evolução rápidas. Transmite-se através da ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vómitos de um doente ou de uma pessoa portadora. A transmissão pode também ocorrer de pessoa para pessoa.

A cólera manifesta-se por diarreia aquosa e profusa, acompanhada de vómitos, dor abdominal e muscular. Se não tratada, pode evoluir para uma desidratação grave e morte em menos de 24 horas.