Fórum de Media discute sustentabilidade dos media na era da digitalização

Fórum de Media discute sustentabilidade dos media na era da digitalização

O MISA Moçambique e seus parceiros realizaram, desde segunda-feira (02) até sexta-feira (06), em Maputo, o Fórum de Media, Direitos Humanos, Cidadania e Desenvolvimento, que tem, entre outros objetivos, a intenção de reunir o setor de media e outros atores da sociedade para discutir a área, com destaque para as componentes de gestão e produção de conteúdos.

Nesta primeira edição, que começou esta segunda-feira, 02 de dezembro, o evento, abreviadamente designado Fórum de Media, está dedicado aos ‘desafios de sustentabilidade dos media na era da digitalização.
A cerimónia de abertura da primeira de edição do Fórum de Media foi dirigida pelo vice-ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alisson, e contou com a presença dos embaixadores da Noruega, Haakon Gram-Johannessen, e da França, Yann Pradeau, além de mais de 60 outros participantes, entre profissionais e gestores de media, reguladores, activistas, académicos e estudantes, que não quiseram perder o histórico lançamento deste evento que se pretende anual.

Falando na abertura do evento, o presidente do MISA Moçambique, Jeremias Langa, enfatizou que a transformação digital está a mudar as dinâmicas da comunicação social de forma profunda e constante, o que obriga o sector a repensar as estratégias de sustentabilidade, adaptar modelos de negócio e, sobretudo, proteger os valores fundamentais que definem o jornalismo: a verdade, a independência, a Liberdade de Expressão e o Direito à Informação.

Para Jeremias Langa, da mesma forma que tem gerado oportunidades, a transformação digital também impõe desafios para os meios de comunicação, destacando o Fórum de Media como uma plataforma para reflectir sobre a sustentabilidade do jornalismo e sua relevância no mundo contemporâneo.

“Hoje, mais do que nunca, os media, enquanto pilar da democracia, têm vindo a enfrentar desafios que vão desde o aumento da desinformação, a pirataria digital, as mudanças do ecossistema de produção e recepção, gerando novas lógicas de mercado que alteram, profundamente, os modelos anteriores de negócio dos media. Este Fórum é, por isso, uma oportunidade única para reflectirmos sobre estas questões e propormos caminhos para uma indústria dos media sustentável e capaz de responder, adequadamente, a estes desafios”, assinalou o presidente do MISA.

No seu discurso de ocasião,  o vice-ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alisson, chamou atenção para a necessidade de regular o sector digital de forma equilibrada, garantindo a Liberdade de Imprensa e combatendo a desinformação.

“O jornalismo deve continuar a ser uma referência de rigor e profissionalismo, especialmente num ambiente onde as chamadas notícias falsas podem, facilmente, manipular a opinião pública e comprometer a coesão social”, disse.

Alisson referiu, ainda, a importância da inclusão digital como um dos principais desafios do país, onde apenas 20% da população tem acesso à internet.

Por sua vez, o embaixador da Noruega, Haakon Gram-Johannessen, também reconheceu o contributo da digitalização para o desenvolvimento social e económico das sociedades. No entanto, apontou desafios que incluem a produção, em massa, de informações sem seguir regras profissionais e éticas, como sempre fez o jornalismo tradicional.

Neste sentido, o embaixador alertou para os perigos das chamadas “notícias falsas”, que se disseminam, rapidamente, e prejudicam a sociedade.

Já para o embaixador da França, Yann Pradeau, a digitalização dos meios de comunicação e o uso das redes sociais da internet permitiram um acesso imediato a uma grande quantidade de informações. “É facto que esta acessibilidade reforçou, inegavelmente, a Liberdade de Expressão e de circulação da informação. Entretanto, a mesma também coloca em causa a fiabilidade e a protecção dos dados pessoais. As redes sociais tornaram-se, por vezes, canais onde a informação se propaga sem filtro nem verificação”, disse.