Os vendedores formais e informais de material escolar na cidade de Nampula queixam-se da alegada fraca procura pelos produtos que comercializam, por parte de pais e encarregados de educação, a poucos dias da abertura oficial do ano lectivo de 2025.
Segundo apurou a nossa equipa de reportagem, a situação deve-se à falta de capacidade financeira por parte de pais e encarregados de educação, devido à não atribuição do décimo terceiro salário para aqueles que trabalham na função pública, em outros sectores formais, e à destruição das suas fontes de rendimento, no caso daqueles que sobrevivem da revenda de produtos diversos, devido às manifestações violentas pós-eleitorais.
Saide Adamugy, vendedor de pastas no mercado Grossista de Waresta, referiu que, nos anos passados, a procura dos clientes pela sua banca começava nos primeiros dias de Janeiro e ia até à abertura do ano lectivo.
“Este ano o negócio está mal. Nem sei se vou conseguir recuperar o dinheiro que investi”, disse Adamugy.
Felícia Chocova, outra vendedora de material escolar, disse que, nos dias actuais, consegue, em média, vender entre 2 a 5 artigos, uma quantidade que, quando comparada com os anos anteriores, é insignificante.
Paulo Silvestre, vendedor de uniformes no mercado da Cavalaria, localizado no bairro de Carrupeia, referiu que a falta de clientes também afectou esse tipo de negócio.
“Esperava muita procura pelo uniforme, mas desde segunda-feira da semana passada que não tenho clientes”, disse Silvestre.
O nosso jornal apurou que, para além dos vendedores informais, o fraco fluxo de clientes também afecta as papelarias e livrarias localizadas em diferentes pontos da cidade, que se queixam da falta de visibilidade, pois as lojas já não têm montras.
Silvino Soroma, encarregado de educação, apontou as manifestações como causa da fraca procura por material escolar.
“Muitos de nós usamos as poucas economias que tínhamos para comprar comida, que está cara, na esperança de que teríamos o décimo terceiro salário, que, infelizmente, disseram-nos que não haverá”, revelou Soroma.