Manifestações deixam luto e destruição em Nampula

Manifestações deixam luto e destruição em Nampula

Os primeiros dias de um total de três da apelidada III fase da IV das manifestações nacionais, convocadas por Venâncio Mondlane, foram de terror na província de Nampula, com destaque para a cidade capital provincial, devido às mortes e ferimentos dos manifestantes a tiro pela Polícia da República de Moçambique (PRM), além das destruições de bens públicos e privados protagonizadas pelos manifestantes.

Nesta quinta-feira (28), o Hospital Central de Nampula (HCN) veio a público comunicar que, no primeiro dia das manifestações – quarta-feira – registou a entrada de um total de três óbitos e 30 feridos, entre graves e ligeiros, vítimas de perfuração por projétil e quedas.

Segundo Hermenegildo Molenga, médico cirurgião do HCN, os feridos que deram entrada com problemas de fracturas e traumatismos foram submetidos aos cuidados médicos e já se encontram fora de perigo.

Entretanto, depois de terem tomado o comboio na última quarta-feira, durante longo período de tempo, e depois de o terem liberado, nesta quinta-feira, os manifestantes precipitaram o descarrilamento do comboio da Nacala Logistics, logo no pátio ferroviário da empresa, na cidade de Nampula.

Segundo consta, o descarrilamento do comboio, com mais de 120 vagões de transporte de carvão mineral, que seguia o trajecto Moatize – Nacala-à-Velha, aconteceu devido às barricadas que tinham sido colocadas pelos manifestantes na linha férrea. Entretanto, o acidente não causou vítimas humanas.

A nossa reportagem soube que, devido ao acidente, a empresa Nacala Logistics interditou a circulação de outros comboios na linha férrea do corredor de Nacala, para além de condicionar a circulação de pessoas no local do incidente.

Ainda ontem, supostamente em retaliação contra a morte de dois cidadãos, vítimas de disparos de armas de fogo de agentes da polícia, que aparentemente procuravam dispersar um grupo de manifestantes, estes vandalizaram o edifício onde funcionava a direcção social do bairro de Natikiri, na cidade de Nampula.

Para lograr os seus intentos, os manifestantes subdividiram-se em grupos, segundo deu a conhecer esta quinta-feira a chefe do posto administrativo urbano de Natikiri, Julieta da Costa.

Além da secretaria do posto, o grupo vandalizou igualmente a infraestrutura onde funcionava a Associação de Apoio à Velhice, o gabinete do Conselho Distrital da Juventude, a subunidade policial, onde agrediram um elemento de policiamento comunitário, destruíram documentos e saquearam tudo o que encontraram de valor no seu interior.

“Não ficou nada, eles levaram tudo o que acharam ser de algum valor, o resto atearam fogo e foram embora”, disse Costa.

De acordo com Costa, neste momento decorre o processo de levantamento e contabilização dos prejuízos.

Contudo, diante desse cenário, o governador de Nampula, Manuel Rodrigues, veio repudiar a violência que se regista nestas manifestações e exortou os jovens de Nampula a não aderirem a elas, supostamente porque estão a comprometer o desenvolvimento da província.