Todas as grandes cidades, respondendo a dinâmica do seu crescimento, para além dos enormes centros comerciais, existem sempre os que se apelidam de “mercado negro”, onde se escondem os negócios ilícitos. Nampula não é excepção e no centro da urbe, pelo menos dois se destacam, não só pelo movimento de pessoas e bens, mas, sobretudo, porque é lá onde se compra e vende um pouco de tudo.
São dois pequenos espaços que agrupam diariamente milhares de pessoas e onde se desenvolvem os mais variados tipos de negócio, incluindo os que se ligam ao contrabando e ao crime, escondidos por detrás da venda de roupa, calçado, telefones e quinquilharia diversa.
Estamos a falar do mercado dos Bombeiros, no bairro dos Poetas e o mercado Novo, ambos no centro da cidade de Nampula. O primeiro, por sinal o mais antigo, também conhecido por feira da OJM, tem apenas cerca de 200 metros quadrados, mas agrupa mais de 150 barracas e entre vendedores e compradores movimenta, diariamente, mais de 20 mil pessoas.
O dia-a-dia do mercado dos bombeiros é arrepiante para quem é novo na cidade ou para quem não está familiarizado com o ambiente, sobretudo em datas próximas as festividades. Vende-se de tudo mesmo, desde a agulha até ao carro.
Misturado as pequenas lojas que exibem nas montras e prateleiras roupa, calçado, telefones e quinquilharia, estão a venda quantidades enormes de droga, desde a mais leve, como canábis, até a mais pesada, como cocaína e heroína.
Está instalado ali o maior foco de venda e droga ilegal de moeda estrangeira, sobretudo o dólar norte americano, sendo também lá onde funciona o maior centro de agiotagem, em concorrência directa aos bancos comerciais.
As pedras preciosas e semipreciosas também são transacionadas de forma ilícita naquele mercado, em quantidades que fogem ao controlo das autoridades mineiras do país e da província, sem o pagamento de qualquer taxa ou imposto, para o prejuízo total do Estado.
Cidadãos que falaram ao nosso jornal indicam que grande parte dos crimes violentos que Nampula conhece, são planeados a partir daquele mercado, que agrupa, maioritariamente, empresários estrangeiros que entram para o país com a capa do asilo que é concedido aos refugiados.
Semana passada uma operação relâmpago, no entanto sem nenhum mandato judicial, ocorreu naquele mercado. Uma equipa multissectorial composta por elementos da Polícia da República e a de investigação criminal (SERNIC), agentes das Alfandegas e do INAE esteve no local e fez buscas e apreensão de vários bens.
“Foi apreendida quantidade não especificada de pedra preciosa, moeda nacional e estrangeira, que confirmam a ilicitude de alguns negócios aqui praticados”, disse um dos agentes de serviço na operação.
No Mercado Novo, em plena avenida Paulo Samuel Kamkomba, no coração da cidade, a realidade não difere. Já é difícil transitar naquela zona, pois as motorizadas e viaturas misturadas com as pessoas dificultam a movimentação de pessoas e bens.
Recentemente inaugurado, o mercado tem pequenas lojas que acobertam muita sujeira que as autoridades não conseguem controlar.
Aliás, quando produzíamos esta reportagem quisemos saber junto do Conselho Municipal quantas barracas estão nestes dois mercados e a vereação de mercados e feiras disse mesmo que não tinha esses dados.
O mercado dos Bombeiros é propriedade da OJM que já tentou uma requalificação, mas, estranhamente, surgiram pessoas singulares, incluindo cidadãos estrangeiros, a exibirem o DUAT sobre parte do espaço estando actualmente o assunto a ser dirimido em instancias de administração de justiça.