Produtores equacionam abandono da produção do chá

Produtores equacionam abandono da produção do chá

O Secretário da Associação dos Produtores do Chá, na Zambézia, Valdemiro Varinde, lamentou o facto de as empresas do subsector desta cultura de rendimento continuarem a sobreviver por si, sem qualquer apoio do Estado, facto que segundo ele, poderá concorrer para o abandono da produção por parte da população.

Segundo Varinde, a falta de renovação dos equipamentos, ora obsoletos, entre outros factores, faz com que a produtividade esteja a baixar a cada ano que passa.

“Estamos a pedir ao governo para isentar e reduzir as taxas de importação dos novos clones e de equipamentos, respectivamente, porque se tal não acontecer, o subsector de chá poderá desaparecer no país dentro dos próximos anos”, alertou Varinde.

Disse que Moçambique já foi referência internacional na produção de chá, o que fazia frente aos outros países como Ruanda e Zâmbia.

“As áreas de produção estão a reduzir de forma drástica se não for feito um investimento à altura por parte do governo e parceiros, a cultura poderá desparecer”, reiterou a fonte.

Varinde falava semana passada, no distrito de Gurué, Zambézia, durante o diálogo social de busca de mecanismos comuns de negociação de todos os assuntos de interesses das partes do sector do chá, apresentação e partilha de resultados obtidos nas negociações salariais, que culminaram com a fixação de salários mínimos nacionais, com destaque para o sector 1- que enquadra a agricultura, caça e silvicultura.

Para além disso, o encontro abordou igualmente, o enquadramento da Lei do Trabalho, que depois da sua revisão pontual, entrou em vigor no mês de Fevereiro do ano em curso, por conter inovações com impacto em todos sectores económicos e sociais.

A administradora do distrito de Gurué, Elsa da Barca, que procedeu abertura do encontro, apelou para a necessidade de acarinhar-se os produtores e trabalhadores do sector de chá, com vista ao sucesso do programa “Resgate a sustentabilidade da cultura do chá”, implementado no país pela Trust África.

A Trust Africa, uma fundação pan-africana, tem como principal objectivo, contribuir para o comércio inclusivo, sustentável e inovador da cultura do chá, para que os interesses das empresas e dos trabalhadores estejam salvaguardados.

Na ocasião, o Secretário-Geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Agro-pecuarios, Indústria de Cajú e Florestas (SINTAICAF), André Mandlate, defendeu a necessidade de os actores do subsector de produção de chá (empresas, sindicatos, representantes do governo, sociedade civil), participarem na negociação e estabelecimento de acordos para funcionamento do sector, como forma de contribuir no fortalecimento e desenvolvimento daquela cultura de rendimento.

Mandlate disse ainda que no cumprimento dos seus objectivos estatutários e legais, o SINTAICAF tem vindo a promover acções que visam assegurar a educação  e participação dos trabalhadores nos processos produtivo, sua representação ao nível dos órgãos sindicais das empresas, diálogo social a vários níveis, com vista a salvaguardar a defesa dos seus direitos e garantir a estabilidade sócio-laboral.

Referiu que, no país, o diálogo social é uma realidade, porquanto tem contribuído na prevenção e gestão de conflitos laborais, o que contribui para uma estabilidade relativa das relações do trabalho.

Ao nível sectorial, a fonte aponta que o SINTAICAF e a Associação dos Produtores do chá do distrito de Gurué celebraram um acordo laboral, que se revela de extrema importância no relacionamento entre as partes, o que está a permitir o acompanhamento e troca de informação entre as empresas e o sindicato, para a resolução de problemas que afectam o processo produtivo.

Porém, segundo ele, este mecanismo deve ser aprimorado e envolver a participação do governo, com vista a harmonização e conhecimento sobre a implementação dos programas e estratégias para o desenvolvimento do sector do chá em Moçambique.

A produção do chá em Moçambique, teve o seu início em 1914 na província da Zambézia, concretamente, no distrito de Milange, tendo-se expandido nas duas décadas seguintes para outros distritos da alta Zambézia, nomeadamente, Gurué, Lugela e Ile.