Parece ter terminado, finalmente, o calvário da crise de água que vinha a afectar os munícipes da cidade de Nampula, com fortes restrições no abastecimento deste precioso recurso. As chuvas regulares que têm caído nos últimos dias permitiram que a barragem que abastece a cidade atingisse 100% da sua capacidade de armazenamento, equivalente a 3.800 milhões de metros cúbicos.
O boletim hidrológico regional da Administração Regional de Águas do Norte (ARA-Norte), divulgado na semana passada, refere que outra barragem, a de Metucue, também atingiu 100% do seu nível de armazenamento, com 2.651 milhões de metros cúbicos.
Cabe recordar que a cidade de Nampula enfrenta ciclicamente fortes restrições no abastecimento de água durante o período seco, uma vez que a barragem não tem capacidade suficiente para suportar a distribuição ao longo de todo o ano.
Nos meses de Dezembro do ano passado e Janeiro deste ano, a barragem chegou a estar abaixo dos 20% da sua capacidade, o que levou à imposição de restrições, ficando os habitantes da cidade, por vezes, cerca de 15 dias sem água a sair das torneiras.
Actualmente, a água está a ser distribuída quase diariamente e sem restrições, mas a população queixa-se de que esta sai das torneiras com um elevado nível de turvação, desconhecendo-se se está a ser tratada de acordo com os padrões exigidos.
“É assustador. A água sai com uma coloração castanha. Reconhecemos que é devido às chuvas, que ao correr pelos rios até à barragem carregam muita impureza e lama, mas o receio é que, se não estiver a ser bem tratada, pode provocar doenças para quem a consome directamente”, afirmou Américo Ambasse, munícipe residente no bairro de Muhala.
Caio Matias, residente no bairro de Muatala, relatou que a sua torneira jorra água que ele e a sua família deixaram de usar temporariamente para beber ou até para cozinhar. “Mesmo para lavar roupa branca não serve, porque fica encardida. O problema deve ser resolvido imediatamente, pois muita gente pode ser afectada por problemas de saúde, sobretudo diarreias”, opinou.
Já Maria do Céu Mahomed referiu que, devido a esta situação, a maior parte dos seus vizinhos prefere beber água da chuva, uma vez que não confiam na água que tem sido fornecida pela AdRN.
Quanto à barragem de Nampula, o director da ARA-Norte, Carlitos Omar, explicou que a tendência é para que o nível de água continue a subir, face às chuvas que estão a cair à montante. “Neste momento, não foi feita nenhuma descarga das comportas, mas um dos descarregadores da barragem do fundo está a retirar a água de forma controlada”, disse.
Ao longo de toda a semana passada, a reportagem tentou confrontar estas e outras situações com a AdRN, a empresa responsável pela captação, tratamento e distribuição de água para a cidade de Nampula, mas nem o director, Ermelindo Bonifácio, nem o funcionário de comunicação e imagem, satisfizeram os nossos pedidos.