A jornalista e escritora moçambicana Susana Espada afirmou esta quinta-feira, na cidade de Nampula, que ainda é um grande desafio promover o carinho pela literatura em Moçambique. A declaração foi feita durante o lançamento do seu livro, intitulado Sangue em Flecha, na Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique.
Com 15 capítulos e 297 páginas, o livro de Espada aborda questões relevantes para a sociedade moçambicana. Durante o evento, a escritora sustentou que, além das dificuldades encontradas ao escrever em Moçambique, um dos maiores obstáculos está na busca por patrocinadores para obras literárias.
“Consegui algum patrocínio de amigos com espírito de solidariedade, mas isso não deveria ser assim. Deveria haver um apoio mais amplo e sistemático a trabalhos interessantes”, comentou Susana Espada, enfatizando que o escritor não escreve apenas para si mesmo, mas sim para os outros.
A escritora defendeu a criação de um fundo específico para apoiar a literatura em Moçambique, tanto em instituições públicas quanto privadas. “Escrever um livro é conhecer um mundo sem sair do lugar. Aprende-se muito no processo de criação”, destacou.
Espada relatou ainda o caso de um amigo escritor, que há mais de sete anos trabalha na sua obra, mas enfrenta dificuldades para encontrar patrocínio. “Ele me disse: Susana, decidi pagar por conta própria e estou juntando 150 mil meticais para pagar à editora, que é o valor solicitado. Não deveria ser assim, e fica o meu apelo”, acrescentou.
Outro desafio identificado pela autora é a baixa taxa de leitura, especialmente entre os jovens. “Os jovens hoje em dia estão mais focados nos telemóveis e, quando leem, é mais por obrigação escolar do que por interesse pessoal. Isso precisa mudar”, afirmou Susana Espada. Ela apelou aos jovens para que valorizem mais a leitura de livros.
Como exemplo, a escritora citou casos de estudantes universitários que, ao terminarem o curso, não leram nem mesmo um ou dois livros fora do âmbito académico.
A jornalista concluiu o evento com um apelo à mudança de mentalidade e maior valorização da literatura entre os moçambicanos, especialmente entre os mais jovens.